Mais um episódio da série "Western revisited".
Ver episódio: Lucky Luke.
Pergunto-me: o que faz aquele cowboy no deserto vermelho de Monument Valley? Está sentado no seu cavalo que mal cavalga e vem assobiando descontraído (o próprio assobio traz terra nas pontas e concluo que tudo é sujo e velho naquele vale).
Há uma rocha vermelha por cima de outra rocha vermelha naquele deserto rochoso. Um cenário quase perfeito por ser demasiado seco e o cavalo abranda de repente. O sangue do cowboy e o compasso do cavalo são também eles secos e, quando a rocha se torna sombra, as quatro ferraduras pousam. O cowboy senta-se no chão sem frutos, as costas contra as costas da rocha, chapéu sobre o rosto. Adormece. O silêncio que se segue é comprido e, para interromper a imagem estática, o cavalo roda no ar a enorme cauda.
Atrás da rocha aparece então o inimigo, o tal índio americano, vermelho e seco como a terra. Dirige-se vagaroso para o cavalo mas este, fiel ao belo adormecido, ergue-se no ar deslumbrante. O cowboy mantém o rosto atrás do chapéu (o seu sono é naturalmente mais pesado do que as rochas daquele vale). O índio ameaça o cavalo e encaminha-se agora para o cowboy, lento e cauteloso como os predadores. Está quase em cima dele – é uma sombra por cima da sombra – até que o cowboy puxa réptil da pistola e carrega uma só vez no gatilho. O tiro certeiro segue pelo vale em eco e a morte conforta-me.
Há uma rocha vermelha por cima de outra rocha vermelha naquele deserto rochoso. Um cenário quase perfeito por ser demasiado seco e o cavalo abranda de repente. O sangue do cowboy e o compasso do cavalo são também eles secos e, quando a rocha se torna sombra, as quatro ferraduras pousam. O cowboy senta-se no chão sem frutos, as costas contra as costas da rocha, chapéu sobre o rosto. Adormece. O silêncio que se segue é comprido e, para interromper a imagem estática, o cavalo roda no ar a enorme cauda.
Atrás da rocha aparece então o inimigo, o tal índio americano, vermelho e seco como a terra. Dirige-se vagaroso para o cavalo mas este, fiel ao belo adormecido, ergue-se no ar deslumbrante. O cowboy mantém o rosto atrás do chapéu (o seu sono é naturalmente mais pesado do que as rochas daquele vale). O índio ameaça o cavalo e encaminha-se agora para o cowboy, lento e cauteloso como os predadores. Está quase em cima dele – é uma sombra por cima da sombra – até que o cowboy puxa réptil da pistola e carrega uma só vez no gatilho. O tiro certeiro segue pelo vale em eco e a morte conforta-me.
O índio cai aos pés do cowboy e este nem tira o chapéu para o ver. Volta a encostar as costas nas costas da rocha e, enquanto devolve a pistola ao cinto, repete o seu lema para o cavalo: "Never kill a man on his back!". Este olha-o condescendente e roda no ar a enorme cauda. "Never!", repete atrás do chapéu e não tarda a adormecer.