No comboio vem um estrangeiro a ler um livro. Tem um ar estranho o estrangeiro, daí saber-se que é estrangeiro, de outra maneira só se o ouvíssemos falar e, como no comboio vem tudo calado, seria impossível sabê-lo senão através do seu ar estranho. O livro que o estrangeiro vem a ler chama-se "O estrangeiro", há algo estranho nisto. Ao lado vem uma rapariga de iPod ao colo, vê-se que é daqui, traz a cor desta terra nos olhos, ligeiramente verdes, quase chuvosos. Tem uma tez branca, igual à dos outros, e um nariz aquilino que, por sua vez, aponta tranquilo para a janela. E nela há a imagem repetida, a rapariga de iPod ao colo. Dir-se-ia que neste banco se sentam pessoas duplicadas. Doppelgänger.