Terça-feira, dia oficial das séries, desta vez à quarta-feira.
Ver 4.º episódio desta série aqui.
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Chamemos-lhe Clint Eastwood por não haver outro rosto possível para aquele cowboy. Salta do cavalo e avança decidido, as botas a baterem no chão marcando o ritmo. Sobe um degrau, dois degraus, três degraus. A casa de madeira traz na frente uma porta que mais parece uma janela por ter duas portadas curtas (dir-se-ia que é uma porta literalmente sem pés nem cabeça). O cowboy bate com a bota direita no tronco das portadas e estas dão-lhe passagem. Trata-se aliás de uma porta que não abre nem fecha, está ali só por estar. Sendo assim, digamos que é uma casa sempre aberta e pela descrição adivinhamos que se trata de um bar à moda do faroeste. Não nos enganámos. O cavalo espera pacientemente na rua (não é um local para quadrúpedes).
Clint Eastwood pede da porta uma aguardente e as botas são como batuques. Pára ao balcão, bebe de um só trago e bate com o copo na mesa para que o sirvam outra vez.
Clint Eastwood pede da porta uma aguardente e as botas são como batuques. Pára ao balcão, bebe de um só trago e bate com o copo na mesa para que o sirvam outra vez.
Bebe novamente de um só trago. Atira com o copo e o homem atrás do balcão enche o copo em silêncio. O cowboy pergunta: “É você o Mr. Bush?” e o outro responde que sim, recolhendo a garrafa. Num segundo e meio, o cowboy atira-lhe o copo à cara, saca do bolso um fósforo, acende-o na sola do sapato, dá início à combustão de Mr. Bush e enquanto o rosto deste arde, o cowboy aproveita o mesmo fósforo para acender um cigarro. Encaminha-se então para a saída com o mesmo ritmo nos pés. Os outros homens acodem o dono e Clint Eastwood prepara-se para sair de cena. Alguém lhe pergunta: “Por que fizeste isto ao Mr. Bush?” e ele demora-se com o seu cigarro. Responde: “Para que a sua família tenha vergonha na cara!”.
Os outros espantam-se, entreolham-se, não compreendem, perguntam em coro: “Vergonha de quê?”. Clint Eastwood apaga o cigarro no chão, encolhe os ombros e responde já de costas: “Não sei! Mas nunca se sabe o que o futuro nos reserva!”.
Os outros concordam com as palavras do cowboy.
Os outros concordam com as palavras do cowboy.
Os homens daquele tempo eram naturalmente mais intuitivos.