Sentaram-se numa esplanada, embora apenas um esboço de sol espreitasse atrás das nuvens. Pediram chás (um quente, outro gelado) e falaram de qualquer coisa sem interesse, pelo menos à luz da expressão dos olhos.
Ele bebia o chá gelado e fez subitamente uma pergunta. Era uma pergunta de natureza quase militar, seguia uma estratégia ofensiva própria de soldados em marcha. Arrependeu-se mal a frase saltara da boca.
Deu-se felizmente um milagre e o vento soprou nesse instante levando as palavras ao colo. Ela bebia o chá quente e achou o vento injusto. Retorquiu: “Como?”, mas ele não repetiu a pergunta.
Ela sabia bem que era uma pergunta, não obstante o voo imprevisto das palavras (a música da voz revela sempre a forma). Pedinchou: “Não ouvi, desculpa!”.
“Deixa, não foi nada!”.
Do outro lado da mesa, ela bebeu do seu chá como quem tem sede e queimou a língua. Magoou-se um pouco mais porque a mordeu estupidamente, tentando controlar a dor. Mais um trago de chá e ela ferveria, daí que tenha decidido insistir: “Fizeste uma pergunta!” e ele desdisse. Ordenou: “Repete!” e naquele momento repetiu-se apenas um olhar sem sol por causa das nuvens que traziam nos olhos.
Ele quebrava agora o gelo do Ice Tea, enfiava pequenos cubos na boca e partia-os com os dentes, era um barulho ensurdecedor para aquele silêncio. Declarou entre dentes: “Já não quero fazer essa pergunta!” e ela quis saber: “Porquê?”.
Não havia chá nos copos, por isso pediram uma água das pedras e uma cola light. Era um bom pretexto para uma pausa. Ela foi à casa de banho, ele pôs-se a fumar. No regresso ela exigiu: “Repete a pergunta!” e ele abanou a cabeça. Insistiu. Desesperou.
Ela sabia bem que era uma pergunta, não obstante o voo imprevisto das palavras (a música da voz revela sempre a forma). Pedinchou: “Não ouvi, desculpa!”.
“Deixa, não foi nada!”.
Do outro lado da mesa, ela bebeu do seu chá como quem tem sede e queimou a língua. Magoou-se um pouco mais porque a mordeu estupidamente, tentando controlar a dor. Mais um trago de chá e ela ferveria, daí que tenha decidido insistir: “Fizeste uma pergunta!” e ele desdisse. Ordenou: “Repete!” e naquele momento repetiu-se apenas um olhar sem sol por causa das nuvens que traziam nos olhos.
Ele quebrava agora o gelo do Ice Tea, enfiava pequenos cubos na boca e partia-os com os dentes, era um barulho ensurdecedor para aquele silêncio. Declarou entre dentes: “Já não quero fazer essa pergunta!” e ela quis saber: “Porquê?”.
Não havia chá nos copos, por isso pediram uma água das pedras e uma cola light. Era um bom pretexto para uma pausa. Ela foi à casa de banho, ele pôs-se a fumar. No regresso ela exigiu: “Repete a pergunta!” e ele abanou a cabeça. Insistiu. Desesperou.
“Então faz uma pergunta qualquer!”.
Era um pedido deveras estranho e ele não se lembrou de nenhuma pergunta inteligente nem oportuna. Desistiu de pensar.
“Queres partir gelo?”.
Se quisessem mover-se talvez se partissem aos bocados: estavam ambos congelados.
Mas descongelaram logo a seguir.
Era um pedido deveras estranho e ele não se lembrou de nenhuma pergunta inteligente nem oportuna. Desistiu de pensar.
“Queres partir gelo?”.
Se quisessem mover-se talvez se partissem aos bocados: estavam ambos congelados.
Mas descongelaram logo a seguir.
Ficaram vários minutos a partir cubos de gelo: a boca quase roxa por causa do frio e os dentes poderosos como quebra-nozes. Ela disse: “Tenho sensibilidade dentária!” e riram-se.
Era um dia bom. Graças à pergunta.