redondo profundo transparente
como as bolas de sabão da minha infância
um dia
cheio de horizonte
e mãos brancas
frias macias vazias
maternais
com a espuma das ondas
no final dos dedos
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
O ponteiro dos segundos
A mulher ouviu o ponteiro pela primeira vez.
Parou de trabalhar.
(Estava sozinha naquele gabinete e nunca antes se tinha apercebido do tempo a passar.)
Observou o relógio de parede e acompanhou os segundos com os olhos. Depois voltou aos ouvidos e logo a seguir desceu até ao peito: ouviu os segundos com o coração.
Eram três ponteiros, mas só um se mexia.
Esperou muitos segundos para apreciar o movimento dos minutos.
Chegada a sua vez, o ponteiro dos minutos moveu-se quase imperceptivelmente: inclinou a cabeça devagar e subitamente já apontava para o minuto seguinte.
O mesmo se passava com o ponteiro das horas. Era tão discreto no seu movimento que as horas não passavam.
A mulher apercebeu-se que, naquele escritório, apenas dois seres se mexiam:
1) ela própria,
2) o ponteiro dos segundos.
Contemplou a estagnação do gabinete, de maneira que agora só o ponteiro se mexia.
(Ouvia os segundos com o coração.)
Passado algum tempo, a mulher deu por si a movimentar os dois olhos.
De um lado para o outro. Ao som do ponteiro.
A mulher passou 100 segundos nisto.
Depois parou. Doíam-lhe os músculos oculares.
A mulher pensou: O movimento dos ponteiros do relógio faz sentido porque tem um sentido.
O movimento dos olhos não.
A mulher concluiu: Não faço sentido porque não tenho um sentido.
Consultou o relógio.
Disse: Não tenho tempo para isto.
E continuou a trabalhar.
No sentido dos ponteiros do relógio.
Parou de trabalhar.
(Estava sozinha naquele gabinete e nunca antes se tinha apercebido do tempo a passar.)
Observou o relógio de parede e acompanhou os segundos com os olhos. Depois voltou aos ouvidos e logo a seguir desceu até ao peito: ouviu os segundos com o coração.
Eram três ponteiros, mas só um se mexia.
Esperou muitos segundos para apreciar o movimento dos minutos.
Chegada a sua vez, o ponteiro dos minutos moveu-se quase imperceptivelmente: inclinou a cabeça devagar e subitamente já apontava para o minuto seguinte.
O mesmo se passava com o ponteiro das horas. Era tão discreto no seu movimento que as horas não passavam.
A mulher apercebeu-se que, naquele escritório, apenas dois seres se mexiam:
1) ela própria,
2) o ponteiro dos segundos.
Contemplou a estagnação do gabinete, de maneira que agora só o ponteiro se mexia.
(Ouvia os segundos com o coração.)
Passado algum tempo, a mulher deu por si a movimentar os dois olhos.
De um lado para o outro. Ao som do ponteiro.
A mulher passou 100 segundos nisto.
Depois parou. Doíam-lhe os músculos oculares.
A mulher pensou: O movimento dos ponteiros do relógio faz sentido porque tem um sentido.
O movimento dos olhos não.
A mulher concluiu: Não faço sentido porque não tenho um sentido.
Consultou o relógio.
Disse: Não tenho tempo para isto.
E continuou a trabalhar.
No sentido dos ponteiros do relógio.
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Conto infantil para adultos: Conversa de sereias
Ver 1.° episódio da série "Conto infantil para adultos":
Uma sereia disse à sereia-mãe:
- Estou apaixonada por um peixe.
- Por um peixe?! Que horror, filha!
- Que horror, porquê?!
- Os peixes não são da nossa espécie.
- E os seres humanos são?
- Não, mas são quase.
- Quase?! Somos metade humanas, metade peixes.
- Sim, mas um ser humano tem posses, pode dar-te uma vida melhor!
- Oh, uma vida melhor... Eles nem podem passear no fundo do mar!
- Podem, sim! Com uma botija de oxigénio.
- Para isso prefiro um peixe!
- Mas, filha! Os peixes são tão enfadonhos!
- Eu acho-os bem divertidos!
- Andam sempre às voltas e nem sequer falam!
- Mas pelo menos não querem sexo!
Fez-se um silêncio. A sereia-mãe nunca tinha pensado nessa enorme incompatibilidade entre homens e sereias. Estava casada desde sempre com Neptuno e sempre incentivara a relação entre marinheiros e sereias. Foi obrigada a concordar com a filha:
- Pronto, está bem! Tens razão! E de que espécie é o teu pretendente?
- É um linguado e chama-se Benjamim.
- Um linguado?! Tão pequenino?
- Sim, neste caso não precisa de ser grande!
- Ó filha, mas os linguados são bons é para comer!
- Pois, exacto! É disso que se trata!
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Feitiço
Lisboa fala e as palavras saem amarelas, de asas abertas, chiando pelas ruas como os eléctricos. A boca arqueia-se um pouco mais e a saliva é agora um rio cheio de história, onde tantos outros navegaram antes de mim. Chamo-lhe:
Puta!
e Lisboa ri-se inteira. Inclina-se para trás e a Rua Augusta amplia-se como um pescoço, a maçã de Adão em pleno Rossio.
Beijo-a e subo a Calçada do Lavra, lavrando-lhe o corpo.
Lisboa respira e os pássaros migram. O bater das asas é igual ao estrondo das ondas no oceano e eu mergulho.
Vejo Lisboa de perfil, do Jardim do Torel, onde alguns se conformam com a velhice das coisas.
Ela abraça-me maternal e caem folhas de plátano dos seus cabelos. Têm a forma de mãos e devolvem-me carícias.
Salto.
Braços contra braços.
E perco-me em Alfama. Digo:
Perdoa-me por não conhecer o teu corpo.
Lisboa ri-se, cheia de condescendência.
Desemboco no Martim Moniz e tenho medo das corujas que espreitam das casas.
Lisboa sussurra e eu arrepio-me. Imagino-a nocturna, vampira, silenciosa, Nosferatus. Prometo:
Subirei ao teu castelo esta noite.
Tenho frio nas mãos, por isso compro castanhas. Já não sei quem abraça quem.
Tropeço na calçada e caio no Príncipe Real, redondo como o ventre original.
Voo sobre o Campo Grande e arranco telhas de algumas casas. Rogo pragas aos que lá ficam.
Lisboa canta e o seu fado vem macio e branco como as nuvens.
O meu sono é profundo.
Lisboa sorri, cheia de mistério e segredo.
Engole-me com a lentidão das serpentes.
Chamo-lhe:
Feiticeira.
E fico.
Puta!
e Lisboa ri-se inteira. Inclina-se para trás e a Rua Augusta amplia-se como um pescoço, a maçã de Adão em pleno Rossio.
Beijo-a e subo a Calçada do Lavra, lavrando-lhe o corpo.
Lisboa respira e os pássaros migram. O bater das asas é igual ao estrondo das ondas no oceano e eu mergulho.
Vejo Lisboa de perfil, do Jardim do Torel, onde alguns se conformam com a velhice das coisas.
Ela abraça-me maternal e caem folhas de plátano dos seus cabelos. Têm a forma de mãos e devolvem-me carícias.
Salto.
Braços contra braços.
E perco-me em Alfama. Digo:
Perdoa-me por não conhecer o teu corpo.
Lisboa ri-se, cheia de condescendência.
Desemboco no Martim Moniz e tenho medo das corujas que espreitam das casas.
Lisboa sussurra e eu arrepio-me. Imagino-a nocturna, vampira, silenciosa, Nosferatus. Prometo:
Subirei ao teu castelo esta noite.
Tenho frio nas mãos, por isso compro castanhas. Já não sei quem abraça quem.
Tropeço na calçada e caio no Príncipe Real, redondo como o ventre original.
Voo sobre o Campo Grande e arranco telhas de algumas casas. Rogo pragas aos que lá ficam.
Lisboa canta e o seu fado vem macio e branco como as nuvens.
O meu sono é profundo.
Lisboa sorri, cheia de mistério e segredo.
Engole-me com a lentidão das serpentes.
Chamo-lhe:
Feiticeira.
E fico.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
Conto infantil para adultos: O duende revoltado
Começa hoje a série "Conto infantil para adultos"
com publicação às terças-feiras,
à excepção de hoje!
com publicação às terças-feiras,
à excepção de hoje!
Dois duendes andam pela dispensa a roubar chocolates, que são para dar às crianças. Um é mais velho do que o outro, logo tem uma barriga maior e um colete mais gasto, bem como um ar mais sereno e uma certa inteligência na voz. De resto, parecem irmãos: vestimenta verde, olhos muito redondos, bochechas inchadas, sapatos compridos e, claro está, o chapéu em forma de funil muito preso à cabeça. São extremamente pequenos, daí que ninguém os ouça nem os veja. O mais novo não parece satisfeito. Confessa:
- Estou farto de ser duende!
- Farto de ser duende?!
- Sim, estou farto.
- Mas como podes estar farto de ser quem és?
- Porque quero ser outra coisa.
- Outra coisa?! Não há nada mais divertido do que ser duende!
- Dizes tu, que nunca fizeste mais nada na vida.
- E que queres tu fazer da tua?
- Não sei! Mas estou farto de ser duende.
- Tu já nasceste assim! Não podes ser outra coisa qualquer!
- Posso sim! Garanto-te que vou deixar de ser duende.
- Para passares a ser o quê?
- Não sei! Mas não quero ser como os outros. Os duendes são irritantes.
- Irritantes?!
- Sim, irritantes! Estão-se sempre a rir e só fazem coisas boas.
- E isso é mau?
- Não, daí que sejam ainda mais irritantes. Estou farto de ser bonzinho! A partir de hoje vou fazer tudo ao contrário.
- Ou seja, nunca mais te vais rir e só vais fazer coisas más?
- Por exemplo! Porque não? Seria algo inovador!
- Mas as crianças deixariam de gostar de ti!
- Não, eu é que deixo de gostar delas!
- Porquê?
- Porque são estúpidas! Estão sempre a crescer e depois deixam de nos prestar atenção!
- Mas isso é a ordem natural das coisas!
- Uma ova! Natural é haver o Bem e o Mal! E eu vou ser mau, que é para se lembrarem de mim para sempre!
E foi assim que o duende revoltado se tornou bicho papão. Entrava às escuras no quarto das crianças para elas não verem a sua pequena estatura e dizia coisas horríveis numa voz muito grossa. Mas, certa vez, uma criança assustada perguntou:
- Quem te fez mal?
O papão assustou-se. Respondeu:
- Ninguém!
A criança calou-se pensativa. Disse por fim:
- Então não és um papão! - e acendeu a luz.
O papão assustou-se. Respondeu:
- Ninguém!
A criança calou-se pensativa. Disse por fim:
- Então não és um papão! - e acendeu a luz.
Ao mesmo tempo fez-se luz na cabeça do duende e ele voltou à dispensa para roubar chocolates. Perguntaram-lhe:
- Então agora já és bom?
- Pois! Parece que já nasci assim!
Era a vitória do Bem sobre o Mal.
Por essa altura, uma criança entrou na dispensa e atirou com um pacote de arroz para a prateleira. Infelizmente acertou em cheio no duende revoltado matando-o instantaneamente.
Era a vitória do Caos.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
A pergunta
Sentaram-se numa esplanada, embora apenas um esboço de sol espreitasse atrás das nuvens. Pediram chás (um quente, outro gelado) e falaram de qualquer coisa sem interesse, pelo menos à luz da expressão dos olhos.
Ele bebia o chá gelado e fez subitamente uma pergunta. Era uma pergunta de natureza quase militar, seguia uma estratégia ofensiva própria de soldados em marcha. Arrependeu-se mal a frase saltara da boca.
Deu-se felizmente um milagre e o vento soprou nesse instante levando as palavras ao colo. Ela bebia o chá quente e achou o vento injusto. Retorquiu: “Como?”, mas ele não repetiu a pergunta.
Ela sabia bem que era uma pergunta, não obstante o voo imprevisto das palavras (a música da voz revela sempre a forma). Pedinchou: “Não ouvi, desculpa!”.
“Deixa, não foi nada!”.
Do outro lado da mesa, ela bebeu do seu chá como quem tem sede e queimou a língua. Magoou-se um pouco mais porque a mordeu estupidamente, tentando controlar a dor. Mais um trago de chá e ela ferveria, daí que tenha decidido insistir: “Fizeste uma pergunta!” e ele desdisse. Ordenou: “Repete!” e naquele momento repetiu-se apenas um olhar sem sol por causa das nuvens que traziam nos olhos.
Ele quebrava agora o gelo do Ice Tea, enfiava pequenos cubos na boca e partia-os com os dentes, era um barulho ensurdecedor para aquele silêncio. Declarou entre dentes: “Já não quero fazer essa pergunta!” e ela quis saber: “Porquê?”.
Não havia chá nos copos, por isso pediram uma água das pedras e uma cola light. Era um bom pretexto para uma pausa. Ela foi à casa de banho, ele pôs-se a fumar. No regresso ela exigiu: “Repete a pergunta!” e ele abanou a cabeça. Insistiu. Desesperou.
Ela sabia bem que era uma pergunta, não obstante o voo imprevisto das palavras (a música da voz revela sempre a forma). Pedinchou: “Não ouvi, desculpa!”.
“Deixa, não foi nada!”.
Do outro lado da mesa, ela bebeu do seu chá como quem tem sede e queimou a língua. Magoou-se um pouco mais porque a mordeu estupidamente, tentando controlar a dor. Mais um trago de chá e ela ferveria, daí que tenha decidido insistir: “Fizeste uma pergunta!” e ele desdisse. Ordenou: “Repete!” e naquele momento repetiu-se apenas um olhar sem sol por causa das nuvens que traziam nos olhos.
Ele quebrava agora o gelo do Ice Tea, enfiava pequenos cubos na boca e partia-os com os dentes, era um barulho ensurdecedor para aquele silêncio. Declarou entre dentes: “Já não quero fazer essa pergunta!” e ela quis saber: “Porquê?”.
Não havia chá nos copos, por isso pediram uma água das pedras e uma cola light. Era um bom pretexto para uma pausa. Ela foi à casa de banho, ele pôs-se a fumar. No regresso ela exigiu: “Repete a pergunta!” e ele abanou a cabeça. Insistiu. Desesperou.
“Então faz uma pergunta qualquer!”.
Era um pedido deveras estranho e ele não se lembrou de nenhuma pergunta inteligente nem oportuna. Desistiu de pensar.
“Queres partir gelo?”.
Se quisessem mover-se talvez se partissem aos bocados: estavam ambos congelados.
Mas descongelaram logo a seguir.
Era um pedido deveras estranho e ele não se lembrou de nenhuma pergunta inteligente nem oportuna. Desistiu de pensar.
“Queres partir gelo?”.
Se quisessem mover-se talvez se partissem aos bocados: estavam ambos congelados.
Mas descongelaram logo a seguir.
Ficaram vários minutos a partir cubos de gelo: a boca quase roxa por causa do frio e os dentes poderosos como quebra-nozes. Ela disse: “Tenho sensibilidade dentária!” e riram-se.
Era um dia bom. Graças à pergunta.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Western revisited: O justiceiro
Terça-feira, dia oficial das séries, desta vez à quarta-feira.
Ver 4.º episódio desta série aqui.
Ver 4.º episódio desta série aqui.
Chamemos-lhe Clint Eastwood por não haver outro rosto possível para aquele cowboy. Salta do cavalo e avança decidido, as botas a baterem no chão marcando o ritmo. Sobe um degrau, dois degraus, três degraus. A casa de madeira traz na frente uma porta que mais parece uma janela por ter duas portadas curtas (dir-se-ia que é uma porta literalmente sem pés nem cabeça). O cowboy bate com a bota direita no tronco das portadas e estas dão-lhe passagem. Trata-se aliás de uma porta que não abre nem fecha, está ali só por estar. Sendo assim, digamos que é uma casa sempre aberta e pela descrição adivinhamos que se trata de um bar à moda do faroeste. Não nos enganámos. O cavalo espera pacientemente na rua (não é um local para quadrúpedes).
Clint Eastwood pede da porta uma aguardente e as botas são como batuques. Pára ao balcão, bebe de um só trago e bate com o copo na mesa para que o sirvam outra vez.
Clint Eastwood pede da porta uma aguardente e as botas são como batuques. Pára ao balcão, bebe de um só trago e bate com o copo na mesa para que o sirvam outra vez.
Bebe novamente de um só trago. Atira com o copo e o homem atrás do balcão enche o copo em silêncio. O cowboy pergunta: “É você o Mr. Bush?” e o outro responde que sim, recolhendo a garrafa. Num segundo e meio, o cowboy atira-lhe o copo à cara, saca do bolso um fósforo, acende-o na sola do sapato, dá início à combustão de Mr. Bush e enquanto o rosto deste arde, o cowboy aproveita o mesmo fósforo para acender um cigarro. Encaminha-se então para a saída com o mesmo ritmo nos pés. Os outros homens acodem o dono e Clint Eastwood prepara-se para sair de cena. Alguém lhe pergunta: “Por que fizeste isto ao Mr. Bush?” e ele demora-se com o seu cigarro. Responde: “Para que a sua família tenha vergonha na cara!”.
Os outros espantam-se, entreolham-se, não compreendem, perguntam em coro: “Vergonha de quê?”. Clint Eastwood apaga o cigarro no chão, encolhe os ombros e responde já de costas: “Não sei! Mas nunca se sabe o que o futuro nos reserva!”.
Os outros concordam com as palavras do cowboy.
Os outros concordam com as palavras do cowboy.
Os homens daquele tempo eram naturalmente mais intuitivos.
domingo, 6 de janeiro de 2008
Aprender a contar
Por ocasião da 100.ª história neste blogue.
- Mãe, não consigo dormir!
- Tens de contar carneirinhos, filho!
- Só sei contar até 10!
- Então conta até 10!
- Já contei até 10 e não adormeci!
- Conta outra vez! Se contares 10 vezes até 10, já sabes contar até 100.
- Até 100? Porquê?
- Porque 10 vezes 10 é igual a 100.
- Mas eu ainda não aprendi a fazer contas de multiplicar.
- Não faz mal! Se contares 10 vezes até 10, estás a contar até 100.
- Quer dizer que já sei contar até 100?
- Sim!
- Então já não preciso de ir à escola.
- Precisas, sim! Para aprenderes a contar até 1000.
- Até 1000?! Então quando é que os números acabam?
- Nunca!
O miúdo foi para a cama. Não conseguia dormir.
A perspectiva de contar carneirinhos para sempre angustiava-o.
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
Faz-de-conta
Toco-lhe. E o bicho-de-conta faz-de-conta que é bola.
Dou-lhe um pontapé e ele rebola pé ante pé.
No final da calçada a bola desenrola e o bicho-de-conta dá por si noutro lugar.
Dou-lhe um pontapé e ele rebola pé ante pé.
No final da calçada a bola desenrola e o bicho-de-conta dá por si noutro lugar.
É o único animal invertebrado de Lisboa, sente-se só.
Não sabe o que se passou nem onde está.
Não sabe o que se passou nem onde está.
Há dias assim.
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