Para o mano, que fez 30.
De vez em quando lembro-me disto: de sermos miúdos e comermos que nem uns brutos à hora do lanche. A mãe a dizer qualquer coisa e nós a rir de outra qualquer. Sentados na cozinha, frente a frente. Perguntávamos um ao outro: Sabes o que é que eu estou a comer? Sabes? Sabes? E depois abríamos a boca para mostrar a comida mastigada.
Um nojo.
Um nojo.
Repetíamos a pergunta até não haver mais pão.
De vez em quando, fazíamos bolinhas com o miolo. Atirávamo-las um ao outro ou jogávamos ao berlinde.
De vez em quando, fazíamos bolinhas com o miolo. Atirávamo-las um ao outro ou jogávamos ao berlinde.
Comíamos chocolate em pó às colheradas. Se a mãe soubesse, matava-nos.
Suchard Express. Sobretudo, Suchard Express. Depois veio o Ovomaltine, mas não era tão bom.
Também gozávamos com os professores. Imitávamos as vozes e os gestos, ríamos que nem uns perdidos. Havia aquele professor da "crosta terrestre", coitado. E as histórias do Bernardo, que só fazia asneiras nas aulas.
Também gozávamos com os professores. Imitávamos as vozes e os gestos, ríamos que nem uns perdidos. Havia aquele professor da "crosta terrestre", coitado. E as histórias do Bernardo, que só fazia asneiras nas aulas.
Também víamos televisão. A rua Sésamo, talvez.
(De resto, não nos gramávamos, nem sequer brincávamos juntos nas horas mortas. Mas à hora do lanche, não era assim. Divertíamo-nos à brava. E comíamos que nem uns brutos.)