Sobre a língua pessoal adoptiva.
Um ouriço-do-mar picou-me. E dói-me o pé. O fundo do pé. Apetece-me partir o ouriço-do-mar ao meio, mas já não vou a tempo.
Na cabeça do ouriço é possível que nada disto se tenha passado. A seu ver, fora ele a vítima: estava o ouriço no seu lugar, quando fora pisado por um pé-de-terra.
Eu e o ouriço-do-mar ignoramos a história um do outro. Por isso, cada um ficará na sua terra e no seu mar a chorar o que sente (e não o que sabe).
Falássemos nós a mesma língua (ou a língua do outro) e seríamos um pouco menos ignotos. Menos ignorados.
Ignorantes.
Um pouco menos/mais iguais.