Uma espreguiçadela
prolongada no espaço e no tempo. Onze e meia da manhã. O sol através das cortinas. Vários livros
à cabeceira. Um, dois, três. Muito longe das mãos. Lá fora tudo fechado. As lojas, os bancos, os supermercados. Meia vontade de fome. Cozinha com sol nas pontas dos pés. Uma
revista qualquer. Não
sei quê do ego. A obsessão pelo sentido das coisas, pelo
terceiro olho, bladiblá. Um bocejo. Pequeno-almoço
na varanda. Ovos mexidos, torradas, café com leite. O eco das torradas nas
traseiras. O eco das vozes. O nosso ego na varanda.
O prédio da frente, sem
flores nos parapeitos. Um prédio feio quase bonito.
A máquina da roupa contra o silêncio. Cinco quilos de roupa interior. Cuecas e meias.
Meia vontade de caneta e papel. Um texto de domingo em pantufas.
Sem verbos sequer.
E
um livro vazio no sofá.
Ego sum.