Aquele artista em específico era diferente dos outros.
Era. Não haja dúvida.
Não só dos artistas, mas dos seres humanos em geral. Isto era aliás visível aos olhos de todos: a sua pose era diferente, o seu andar, as suas sobrancelhas. Aquele artista (sexo masculino, nacionalidade russa) era diferente no tacto, no verbo, no cabelo, nas covinhas da bochecha, na barba, reza a história que era diferente nas unhas dos pés e das mãos. (Isto não vimos nós, mas acreditamos. Pi-a-men-te.)
Diz-se que eram unhas de fibra de vidro e não de fibra orgânica como as nossas. Eram, digamos, uma espécie de cascos que não se cortavam à tesoura, mas que se partiam ao meio!
Bom, mas nem sequer é preciso irmos por aí, porque não eram só as características físicas que distinguiam aquele artista. Definitivamente, não eram. Muito pelo contrário. As características físicas eram irrelevantes ao pé das outras.
Porque o que era realmente diferente naquele artista não era tanto a sua diferença, mas sim e sobretudo o facto de a sua pessoa, a sua arte, o seu modo fazerem a diferença. Toda a diferença. Do MUNDO.
Para comprovar isto, basta recordarmo-nos do dia da sua morte: realmente é indiscutível que, no dia em que aquele artista morreu, todos sentiram a diferença. Não haja dúvida. Todos. Sem excepção.
Depois, voltou tudo ao normal, mas no momento da morte, naquele preciso segundo, todos sentiram.
Nota: Por outro lado, no dia do seu nascimento ninguém sentiu a diferença, mas isto deve-se ao facto de, naquela época, as pessoas não estarem habituadas a pessoas verdadeiramente diferentes.
Depois, voltou tudo ao normal, mas no momento da morte, naquele preciso segundo, todos sentiram.
Nota: Por outro lado, no dia do seu nascimento ninguém sentiu a diferença, mas isto deve-se ao facto de, naquela época, as pessoas não estarem habituadas a pessoas verdadeiramente diferentes.
A propósito, Liev Tolstói nasceu exactamente no dia 9 de Setembro há 180 anos, mas ninguém deu por ela. Pelos mesmos motivos.