Para o Belgavista, que faz um ano e 150 vistas.
Para ter a certeza de que o tempo passava, decidiu cortar o cabelo. A ideia ocorrera-lhe enquanto tomava duche. Fechou a torneira com uma mão imperativa e inclinou o corpo para a frente. Estava agora em bicos de pés.
O gel de banho ainda escorria pelas costas e a rapariga sentava-se já no parapeito da banheira. Nua.
Assim ficou cinco segundos. E durante esses cinco segundos, teve frio. Depois abriu uma gaveta e tirou de um estojo vermelho a tesoura pequeníssima das unhas. Enfiou-a directamente no cabelo e cortou-o. Sem demora. (Nem sequer se penteara antes disso.)
Assim ficou cinco segundos. E durante esses cinco segundos, teve frio. Depois abriu uma gaveta e tirou de um estojo vermelho a tesoura pequeníssima das unhas. Enfiou-a directamente no cabelo e cortou-o. Sem demora. (Nem sequer se penteara antes disso.)
O cabelo era fino e negro, havia vestígios de champô nas pontas que saltavam para o chão.
No final, não varreu a casa de banho. Levantou-se do parapeito e espreitou o seu reflexo no espelho enublado.
No final, não varreu a casa de banho. Levantou-se do parapeito e espreitou o seu reflexo no espelho enublado.
Riu-se para os olhos sempre seus.
E foi até à sala.
A cabeça com pouco cabelo era um pouco mais leve do que antes. E a mulher abanou a cabeça violentamente. Livremente. Loucamente.
Depois desequilibrou-se. E caiu.
A cabeça com pouco cabelo era um pouco mais leve do que antes. E a mulher abanou a cabeça violentamente. Livremente. Loucamente.
Depois desequilibrou-se. E caiu.
O tecto era mais longínquo visto do chão. Uma nova perspectiva da casa.
Era bom cair em dias assim.