Uma vez perguntei a uma amiga búlgara se, na sua infância, também via o 007.
Ela olhou para mim em choque: “Claro que não. O James Bond era o inimigo!”
Nesse momento apercebi-me de uma forma bastante óbvia de que estamos sempre de um lado da história e que esse lado implica forçosamente a existência de pelo menos um outro lado.
No meu mundo, o 007 será sempre o herói.
Vi e revi com o meu irmão e com os meus pais muitos filmes do James Bond, sobretudo os que tinham o escocês ao serviço de Sua Majestade.
Sean Connery será sempre o pai do Indiana Jones, o frade detetive em “O Nome da Rosa”, mas acima de tudo o 007.
De todos os filmes gosto em particular do Doctor No por causa daquela ilha misteriosa. O meu pai também gosta do Doctor No, mas é por causa da Ursula Andress. Inesquecível aquele encontro na praia, ela a cantar “Underneath the mango tree”.
Morreu um dos meus heróis. Espero que ele esteja algures nesse além desconhecido ao som de uma bela banda sonora, deitado com a sua elegância eterna à sombra de uma árvore qualquer.