quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Gosto, logo existo


Agora que o ano chega ao fim eis que veio à tona um livro fenomenal que tem a despretensiosa intenção de nos salvar a todos.

É um livro sobre este mundo cheio de mundos dentro, sobre as histórias dentro destes mundos e sobre as pessoas que contam as histórias destes mundos. É um livro sobre o jornalismo, sobre a Internet, sobre os algoritmos, as notícias. Sobre a nossa pegada digital, sobre telemóveis inteligentes, boatos, teorias, opiniões, bolhas, emojis, likes. E também sobre desinformação, pensamento crítico, liberdade, privacidade e este misterioso vício de estarmos sempre ligados sem nunca sabermos o que está em causa.

No fundo é um livro sobre a nossa demanda constante de verdade.


É um livro que nos apresenta números também: anualmente vendem-se mil e 200 milhões de smartphones; todos os dias são lançadas 3 mil milhões de pesquisas no Google; no Instagram publicam-se mil fotografias por segundo; as crianças e os jovens portugueses passam cerca de 3 horas por dia na Internet.

Como se fala sobre tudo isto, que é tão maior do que nós? Em particular, como é que se fala disto aos mais novos, que já nasceram no berço das redes sociais?

Eu cá não sei.

Quando este livro era apenas uma ideia, achei que se tratava de uma missão impossível.

Felizmente a editora e visionária Isabel Minhós Martins consegue vislumbrar, acreditar, fomentar e inspirar. 

Com o seu apoio e entusiasmo, a incrível jornalista Isabel Meira, pessoa que eu admiro até aos confins da verdade e da amizade, escreveu este livro inacreditável.


Para já, é um livro lindo de morrer e viver, com design gráfico e ilustrações do Bernardo P. Carvalho. E é uma leitura que vai encantar toda a gente: os mais novos, os mais velhos, os que fazem likes, os que fazem perguntas, os que não fazem nada, os que já viram tudo e os outros todos também.

É um livro que vai dar que pensar e falar. Que vai pôr isto tudo a mexer. Que nos pode ajudar a dar um passo em frente ou então um passo atrás. Que pode fazer de nós todos pensadores e ativistas. E que pode, portanto, transformar o mundo.

Lá para o fim do livro, na nota biográfica, a Isabel Meira é apresentada como alguém que gosta mais de perguntas do que de respostas. 

O livro está de facto cheio de perguntas. Gosto em especial de uma pergunta que aparece lá para o meio: Pensas que sabes pensar? E gosto ainda mais de uma outra pergunta que aparece no finalzinho:

Em que mundo queres viver?

Se querem pensar sobre isto, leiam este livro. 

Estou só a avisar.


(Roubei estas fotos ao Planeta Tangerina.)

Tudo sobre o livro: https://www.planetatangerina.com/pt-pt/loja/gosto-logo-existo/?fbclid=IwAR1S73TH0m9DJR5Bd8jGHVnrRl-cgVOvyEYujvc0pXXTsNXYtiMADPAksOM