É a primeira vez que conheço o autor que recebe o Prémio Nobel da Literatura.
Li a notícia e fiquei surpreendida por conhecer o nome, os títulos, as personagens. Nunca me tinha acontecido antes. Sinto-me sempre uma ignorante quando leio o nome dos laureados.
No ano passado, quando vi as trombas da Herta Müller, assustei-me. Nunca tinha visto tal ave rara: lábios demasiado rubros, um cabelo que acabava logo depois das orelhas, uns olhos de bruxa má, uma miscelânea esquisita, entre o romeno e o alemão. Tive medo de Herta Müller. Mesmo assim, fui a correr à Fnac comprar o Atemschaukel para fingir que leio em alemão e também porque senti uma obrigação de ler o raio do livro, uma vez que estudei literatura alemã e vivi na Alemanha dois anos. Depois de ler o livro, continuei cheia de medo de Herta Müller e não me parece que vá ler mais livros desta senhora.
Em 1998, quando José Saramago recebeu os milhares de coroas suecas, só lhe conheci o nome por partilharmos a nacionalidade e não propriamente por ter lido A Jangada de Pedra ou a História do Cerco de Lisboa. Era então uma adolescente e interessavam-me títulos mais provincianos como Vai aonde te leva o Coração e Como Água para Chocolate. Antes disso, então, nem sequer era gente quando foi a vez de Gabriel García Márquez e li O Estrangeiro uns sessenta anos depois de o Albert Camus o ter escrito.
Descobri Mario Vargas Llosa quase sem querer.
No final de 2009, eu e o homem ilimitado decidimos ir ao Peru, mas acabámos por não ir ao Peru porque em Janeiro deste ano encerraram o Machu Picchu por causa das cheias. Na altura disse um palavrão, vários palavrões e, para me vingar da Natureza Mãe, decidi ir na mesma ao Peru, mas através da literatura.
Escolhi Mario Vargas Llosa, porque, a bem dizer, não conhecia outro autor peruano e até me dava jeito ler Mario Vargas Llosa, dado que a mãe tinha oferecido ao homem ilimitado A Conversa n'a Catedral e a Tia Carmito me tinha emprestado as Travessuras da Menina Má. Li os dois livros de enfiada e logo a seguir comprei A Casa Verde. Ainda não li A Casa Verde, mas vou ler.
De maneira que, quando li o nome Mario Vargas Llosa, reconheci um bocadinho do homem, do autor, da sua obra. Fiquei contente por Mario Vargas Llosa ter recebido o Nobel. Gosto dele, das suas personangens, da sua escrita desenvolta. Gosto, especialmente, da sua pinta de mulherengo latino-americano, da sua rebeldia contra os outros e contra si próprio.
De maneira que, quando li o nome Mario Vargas Llosa, reconheci um bocadinho do homem, do autor, da sua obra. Fiquei contente por Mario Vargas Llosa ter recebido o Nobel. Gosto dele, das suas personangens, da sua escrita desenvolta. Gosto, especialmente, da sua pinta de mulherengo latino-americano, da sua rebeldia contra os outros e contra si próprio.
Confesso que simpatizo com Mario Vargas Llosa também pelo facto de ele ter dado uma pêra valente no Gabriel García Márquez. Não é qualquer um que dá uma pêra valente no Gabriel García Márquez. É preciso ter sangue na guelra para dar uma pêra no Gabriel García Márquez. Gosto de homens com sangue na guelra. Principalmente se, além de mulherengos, forem escritores.