Faleceu Morreu o Carlos Grifo Babo. Era tradutor e revisor.
Nunca o conheci, mas foi ele que reviu a maior parte dos meus textos. Alguém da equipa lhe levava a maquete (maqueta?) a casa e ele ali ficava (vírgula?) nos bastidores, a rever no papel.
Foi ele que me ensinou a diferença entre “rebuliço” e “reboliço”, e a diferença entre “por que” e “porque”. Foi ele que me ensinou que “magicar” é um verbo intransitivo. Chegou a enviar-me cópias de uma gramática.
No final das suas revisões, acrescentava uma página inicial a que chamava “Notas”. Eu lia essas “Notas” com entusiasmo e admiração. Procurei agora mesmo no meu arquivo e encontrei as notaspérolas que escreveu sobre Mary John.
Adoro as suas considerações sobre os diálogos em itálico. Eu própria não sei bem por que (porque?) insisto nisso, mas nunca me senti à-vontade com aspas e travessões. A propósito deste uso abusivo do itálico, diz ele assim: “É fora do comum, quebra as regras, mas e então?” Isto ainda me faz rir.
Que pena eu tenho de nunca ter conhecido o Babo (era assim que o chamávamos no Planeta). Sei que vou pensar magicar nele sempre que hesitar entre “porque” e “por que”.
Na minha cabeça (imaginação?) achava que lá chegaria o dia em que iria a sua casa beber um chá e folhear as suas gramáticas e prontuários. Tenho a certeza de que ele teria gostado. Para mim, teria sido um encontro inesquecível.
E agora as notas do Babo: