segunda-feira, 2 de setembro de 2024

A liberdade no Porto





Expliquei aos meus filhos que ia ao Porto lançar um livro. Um deles para mim: “Vais lançar o livro como um foguetão, assim para cima?” Eu disse que ia lançar em frente. Pumba! Ele riu-se: “Isso dói, mamã!” Ah, pois dói. 

Tantas pessoas, tantas cores. Que festa linda e livre! Eu e a Mariana Malhão muito irrequietas e nervosinhas. A Dora de microfone em punho, a lançar a pergunta em frente (pumba!) a todos os que lá estavam: “Tu és livre? Vocês são livres?”

“Levante a mão quem acha que sim, que é livre.” A maior parte das crianças levantou a mão. A maior parte dos adultos não levantou. Somos livres mas não somos livres.


Os meus pais sentados mesmo à minha frente. O amor também se lança assim em frente.


Antes e depois ainda deu para comer uma francesinha, comprar uns quantos livros, beber uns quantos finos, apertar os ossos do João Pedro Azul, apreciar o mural da Susa Monteiro, jantar com a família, tagarelar com a Estrela Joana, ler o Vitinho para a Sara e o Henrique, assistir a uma conversa com a poderosa Capicua, matutar naquele verso do Eugénio de Andrade, tomar o pequeno-almoço com a Luísa, jantar com a minha querida família, voltar a ver o meu afilhado.


No final a nossa bela equipa brindou à liberdade. Uma equipa feminina para uma palavra feminina: eu, a Mariana Malhão, a Sara Ludovico, a Maria Teresa Paulo, a Dora Batalim. E faltaram neste brinde os mulherões Isabel Minhós Martins e 

Madalena Matoso.


Além de livros, levo na mala um quilo de sal grosso e um chouriço.


Uma frase que não é minha: Não somos livres enquanto não formos todos livres. 

E isso dói. De que maneira.