sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Abóbora

Gosto da palavra e do fruto.
Em todas as línguas é doce. E abobadada.
Pumpkin. Potiron. Abóbora.
Gosto da forma e do conteúdo: a casca dura e desajeitada, a polpa cor de laranja.
É um fruto profundo. Talvez oculto.
Está cheio de sementes e sussurros.
Dentro de uma abóbora está a carroça da cinderela e também a bruxa má. Com a sua vassoura, a sua loucura.
Cuidado com as abóboras, menina.
Têm uma magia bonita e uma magia feia.
Apesar disso, ou por causa disso, gosto à farta de pevides.
E de tarte de abóbora. Compota de abóbora.
Óleo de sementes de abóbora. Hmmm.
É um oleo escuro e denso. Como o meu sangue.
Qualquer coisa acontece quando como este fruto. Uma esperança qualquer por dentro.
Eu como pevides e penso: Talvez tudo mude. Oxalá o mundo avance. Oxalá fique quieto.
Temos coisas em comum, eu e a abóbora.
Também eu sou cinderela e bruxa. Desajeitada e oculta.
Além disso, tenho cabeça de abóbora. Sou bastante abobada.


E adoro laurear a pevide.