sábado, 19 de dezembro de 2015

A Guerra das Estrelas e das Mulheres

Não tarda vou conhecer o novo episódio da Guerra das Estrelas. 
A Força está comigo e a nostalgia também. 
Nos últimos dias andei a rever os episódios do século passado, com o Luke Skywalker e o Harrison Ford.
A abrir, duas naves vagueando pelo Espaço. Logo a seguir, a corajosa princesa Leia, impecavelmente vestida de branco. Traz uma arma na mão e duas empolgantes tranças à volta das orelhas. 
Quem não se lembra disso? 


É a princesa guerreira, capaz de sacrificar o seu próprio planeta por valores mais altos. 
Atenção, universo: a princesa Leia é do caneco. 

Infelizmente para a guerreira e para o império, a história não é bem sobre ela. Já se sabe que as mulheres e os seus pipis são um grande desequilíbrio para a Força. 
O papel de Leia é o de uma princesa sensível, que inspira os rebeldes e não teme o inimigo. 
A mensagem mais famosa do universo é a de uma mulher em desespero: Help me, Obi Wan Kenobi, you’re my only hope.

A Guerra das Estrelas, of course, é uma guerra de pilas e sabres luminosos. Nela participam Luke Skywalker e Obi-Wan Kenobi, o Capitão Solo e o seu companheiro Chewbacca, o mestre Yoda e o medonho Darth Vader.
Não haja dúvida: há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante, o universo inteiro já era masculino.

Num momento de apuros, quando Leia começa a dar ordens aos moços, o Capitão Solo sente o seu orgulho ferido. Da boca de Harrison Ford sai um comentário do estilo: Se pudermos evitar mais conselhos femininos, talvez dê para sairmos daqui.
A minha alma irritou-se e virou-se para o lado negro. 
A certa altura, um homem dirige-se a Leia de sorrisinho matreiro. Diz algo do tipo: Well, what do we have here? Leia encolhe-se, porque é uma princesa vulnerável. 
Por esta altura, a minha alma começou a arfar como o Darth Vader.

O cúmulo desta representação dá-se no episódio VI, quando a princesa guerreira surge escravizada e acorrentada aos pés de Jabba The Hutt, ostentando o corpo por baixo de um espectacular biquini metalizado. Nada mais indigno para uma princesa guerreira. 

A bem dizer, os maus da fita passam a vida a capturar a Princesa, que felizmente pode sempre contar com Skywalker e amigos. 
À única mulher protagonista cabe definir estratégias, encorajar os rebeldes e desafiar o poder instalado. Mas não se engane o espectador: a Princesa Leia não anda por aí a manobrar naves e sabres.

Num momento de fraqueza, a Força abandona-a completamente. Han diz-lhe: Estás a tremer e, logo a seguir, beija-a. Quando ela diz: I love you, ele responde: I know. Grande homem. Pobre mulher. A dominar o romance do princípio ao fim está Harrison Ford e a sua luminosa pila.

A Força está com a princesa Leia, mas não assim com tanta força.

Talvez o novo episódio não se situe numa galáxia tão distante no que toca às mulheres. 
É esta a minha exigência. 
My only hope.

Apesar de tudo isto, adoro o penteado da princesa Leia. 

Na Bélgica dava-me um jeitão. 
Sempre abafava os sons furiosos do trânsito. 
E combatia com eficácia este Inverno.