O jogo de ontem dá para pensar na vida e não em futebol.
Isto de termos sangue na
guelra nem sempre joga a nosso favor, sobretudo quando estamos perante um contratempo.
Paciência. É mesmo assim.
Eu cá estou sempre a levar nas trombas com o meu sangue na guelra.
Perante um contratempo, ficamos indignados e desorientados. Dá logo vontade de agarrar na bola e anunciar o fim do jogo. Pronto, acabou-se.
Na melhor das hipóteses, desatamos aos berros. Não estamos a contar com adversidades. As adversidades são imprevisíveis e, além disso, adversas. Um árbitro rigoroso é uma adversidade. Um jogador mal-comportado também. Um alemão impiedoso também. E, no fundo, todos merecem ser vencedores, não é?
É.
Digamos que o nosso sentido de justiça é algo infantil e o mundo, infelizmente, é mesmo imprevisível e cheio como uma bola de
futebol.
Independemente disso, admito que a eficiência alemã é mesmo de bradar aos céus. E de tanto gritarmos, perdemos a voz, o que é outra adversidade, mas não tão adversa assim. Quando perdemos o Norte, é bom que não nos ouçam, porque também só dizemos disparates.
A
culpa, de facto, não foi do resto da humanidade nem da humidade nem do calor nem do árbitro cruel nem da falta de água. A
culpa foi deste sangue na guelra.
Somos vivaços e expeditos, mas também
ineficazes e obtusos.
Temos algo a aprender com a eficiência
impiedosa dos alemães.
Em contrapartida, a
Merkel festeja uma vitória como quem cumpre uma incumbência. Deve ter aprendido
a bater palmas numa sala de aula, coitada. Aposto que não sabe sambar. Nem sapatear.
Nem perder as estribeiras.
Que grande tédio.
Antes dizer disparates.
E ficar rouca de tanto gritar.