Era uma vez uma blogueira belga. Para o caso de não saberem, a blogueira é uma espécie de árvore de folhas caducas, em geral, de pequeno porte, oriunda do hemisfério norte. A flor de blogueira é bem boa para fazer chá ou então para temperar vitela. O fruto da blogueira chama-se blogue. Trata-se de um fruto espalmado que pode ter várias cores. Os mais saborosos são amarelos. Os mais nanhosos têm muco e são verdes. Há também blogues castanhos e outros pretos, mas estes têm caroço e vontade própria. Às vezes mordem, o que pode ser perigoso. Há quem coma blogues crus, mas eu por acaso prefiro blogues maduros. É uma questão de gosto. Mas então, voltando ao que eu estava a dizer: Era uma vez uma blogueira belga que morava numa praceta há coisa de quinhentos anos e ultimamente os dias eram sempre iguais, porque a blogueira, além de não ter pernas para andar, vivia na Bélgica, que é um país extremamente aborrecido com uma família real tão nhonhó que só muito raramente é notícia. Ora, um dia, há precisamente seis anos, a blogueira belga acordou bastante zangada, porque estava cheia de pássaros na cabeça e isso dava-lhe imensa comichão. Além disso, andava farta de apanhar com chuva em cima. Sentia que a sua vocação não era aquela, de estar assim no meio da praceta de braços abertos como um espantalho. E então, de súbito, para exercitar os braços e libertar a energia negativa, pegou num blogue amarelo e vicoço e atirou-o contra uma rapariga que ia a passar. A blogueira escangalhou-se a rir, porque a transeunte levou mesmo com o blogue nas trombas. Era uma jovem rapariga que, nesse instante, estava precisamente de trombas, mas ganhou logo outro ânimo quando olhou para o blogue que lhe tinha ido parar aos braços. Inspirada por aquele amor de água fresca, a rapariga pegou, trincou e meteu-o na cesta. O blogue, de início, quis apodrecer e morrer de vez, mas depois lá se habituou à tal água fresca e ganhou vida.
Isto para dizer que esse blogue chamado Belgavista faz 6 anos hoje.
A blogueira, não sei, porque nunca mais passei nessa praceta, mas creio que deve ter morrido de tédio pouco tempo depois.