Piripíri extraforte
É o título da minha primeira peça. Escrevi-a para o Festival Panos do Teatro Nacional D. Maria II e tenho acompanhado ao longe a sua estreia em várias salas do país: teatros municipais, auditórios, ginásios, centros culturais.
Alguns encenadores escrevem-me. Contam-me as histórias dos bastidores. Que os atores abrem o coração, que choram, que se superam, que os pais vêm e celebram.
A peça começa com um telefonema e acaba num brinde. A primeira deixa é: “Então, meu grandessíssimo otário?” E a última é: “Aos naufrágios”.
Pelo meio há um jantar de amigos. A luz vai abaixo. A campainha toca várias vezes. Alguém toma um duche. Alguém ladra. Alguém arrota. Alguém grita. Alguém beija. Alguém diz “Merda!”. Alguém pergunta: “Consegues ver as minhas maminhas?” Alguém diz: “O teatro é a vida.”
Seguem-se alguns dos cartazes que encontrei nas redes: as estreias em Aveiro, Alverca de Ribatejo, Funchal, Angra do Heroísmo, Figueira da Foz, Póvoa de Santa Iria.
Puxa a vida! Estou que não posso. Toda eu uma campainha piripíri extraforte. Só me apetece ir para a rua ou para o palco. Gritar assim: 25 de abril sempre. Cessar-fogo já.
O mundo está como está. Mas há muito mais gente boa do que má.
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