9 de maio, Dia da Europa🇪🇺
Já disse isto antes, mas volto a dizer. Sou europeia até à pontinha dos meus cabelos espigados. Nasci em Portugal, estudei literatura alemã, fui bolseira do programa Comenius, trabalhei no Luxemburgo, morei na Alemanha, vivo há que tempos em Bruxelas, trabalho numa instituição da UE, leio em várias lÃnguas europeias. Além disso, pago impostos, separo o lixo, tiro a senha, ando de transportes públicos. Penso, falo, voto. Também isto é Europa. A ideia de que há um coletivo, de que somos parte do todo, de que cada pessoa faz a diferença, de que ninguém está acima de ninguém, de que todos temos direitos, deveres, oportunidades, de que não estamos melhor sozinhos.
A União Europeia é o lugar onde todos e todas podem ser quem são. Onde as crianças vão à escola, onde as mulheres se podem vestir como quiserem e podem amar homens ou mulheres ou ambos ou nenhum dos dois e trabalhar, viajar, casar-se, divorciar-se. Onde as pessoas podem mudar de sexo, de religião, de opinião. Onde todos e todas podem tomar a iniciativa, assinar uma petição, participar numa greve, fazer uma reclamação, eleger e ser eleitos.
Onde todos e todas temos direitos como titulares de dados, como pais de filhos, como filhos de pais, como trabalhadores, pacientes, artistas, cientistas, consumidores, passageiros, turistas, contribuintes e até como arguidos. Onde se luta pelo ambiente e pela sustentabilidade. Onde a discriminação, o racismo e a xenofobia são crime. Onde os mais vulneráveis são protegidos: os mais velhos, os mais novos, as pessoas com deficiência.
A União Europeia pode não ser assim tão unida nem tão livre como eu acabo de a pintar, mas também já foi bem menos unida e bem menos livre. A ver pela amostra do resto do mundo, a União Europeia é a que está mais próxima dessa realidade.
É verdade que não tem tratado nada bem os refugiados nem os imigrantes. É verdade que não se portou bem com os paÃses do Sul. É verdade que não cumpre as suas próprias regras e metas. Verdade, verdadinha.
Mas é um lugar onde representantes de interesses diferentes, de ideologias opostas, se sentam à volta de uma mesa e conseguem chegar a compromissos. E isso, nestes tempos em que tudo parece estar em causa, não é coisa pouca.