É hoje. É agora. É genial.
É para ti. É obra. É bestial.
É com gosto. É pitoresco.
É uma lufada de ar fresco.
É bem feito. É perfeito.
É do caneco. É do Benfica.
É o melhor da vida.
É o melhor tempero.
É um sinal de esperança.
É uma lembrança. É um lugar comum.
É uma chatice. É dois em um.
É compreensível. É impossível.
É do piorio.
É uma vergonha.
É uma pena. É um poema.
É uma canção. É a exceção.
É o cabo dos trabalhos.
É verdade. É um facto. É complicado.
É como as cerejas.
É lá com ele. É o da Joana.
É mal-encarada.
É uma desculpa esfarrapada.
Não é para meninos. Não é da nossa conta.
É de loucos. É cá dos nossos.
É cá da terra. É do contra.
Não é o que parece. Não é pera doce.
É o início do fim.
É um prazer. É assim.
É o que é. É o que se quer.
É como tudo.
É um não assunto. É uma não questão.
É uma casa portuguesa.
É uma força da natureza.
É uma força de expressão.
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018
A origem da música
Ficamos nisto muito tempo. Ele ao meu colo e eu a baloiçar devagarinho. Os dois calados. À escuta. Três canções, quatro, seis, oito, um álbum inteiro. Eu olho para ele e ele olha para a coluna de som, essa caixa negra e misteriosa. Os olhos arregalados. As pestanas muito quietas e longas.
Às vezes aperto-o contra mim à procura de mimo, mas ele afasta-me com as mãos e os braços, estica a cabeça. Quer ter os olhos e os ouvidos completamente disponíveis para aquela divindade musical, onde moram todas as vozes e todos os ritmos. Se me afasto da coluna de som, ele chora. Quer encarar a música de frente. Com deslumbramento e audácia.
Eu danço e ele deixa-se baloiçar, só para me fazer a vontade.
A minha cria - este ser humano minúsculo - quer perceber a origem da música. Ou algo assim do género.
Às vezes aperto-o contra mim à procura de mimo, mas ele afasta-me com as mãos e os braços, estica a cabeça. Quer ter os olhos e os ouvidos completamente disponíveis para aquela divindade musical, onde moram todas as vozes e todos os ritmos. Se me afasto da coluna de som, ele chora. Quer encarar a música de frente. Com deslumbramento e audácia.
Eu danço e ele deixa-se baloiçar, só para me fazer a vontade.
A minha cria - este ser humano minúsculo - quer perceber a origem da música. Ou algo assim do género.
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018
Supergigante no México!
Y ahora no México: o Supergigante faz parte dos livros recomendados pela secção mexicana do International Board on Books for Young People (IBBY) no seu Guia de Livros Infantis e Juvenis de 2018.
¡Caracoles!
Acho que está a rolar um clima entre o Supergigante e a América Latina!
¡Caracoles!
Acho que está a rolar um clima entre o Supergigante e a América Latina!
terça-feira, 13 de fevereiro de 2018
Um dia destes corto as unhas dos pés
Um dia destes corto as unhas dos pés. Agarro-as pelos ombros e tau! Corto-lhes a cabeça.
Há semanas que ando a magicar o golpe. O meu corpo a descer por aí abaixo até ao sopé de si próprio. As mãos ao encontro dos pés, com uma tesourinha em riste.
Uma tesourinha malvada e feminina, cheia de curvas e método.
E hei de usar a tesourinha mais antiga de todas, porque a tesourinha mais antiga de todas, apesar de enferrujada e desconjuntada, corta bem de um lado e do outro.
As tesouras mais jovens são todas umas falhadas. Andam por aí a transbordar design e elegância, mas são fracas de espírito.
É sempre assim. Os jovens não têm calo.
Já os meus pés, sim. Têm calo. E umas unhas muito grossas que estão cada vez mais compridas. Não sei por que razão as deixo crescer tanto. Todos os dias adio o golpe.
Talvez me tenha afeiçoado a elas. Às minhas unhas grossas.
Há uma beleza qualquer nas coisas feias. Carros sujos. Casas velhas. Unhas grossas.
Mas hei de cortá-las um dia. Prometo.
A dor na ponta dos pés chegará ao fim.
O meu corpo ficará mais leve.
E eu hei de voltar a calçar 39.
Há semanas que ando a magicar o golpe. O meu corpo a descer por aí abaixo até ao sopé de si próprio. As mãos ao encontro dos pés, com uma tesourinha em riste.
Uma tesourinha malvada e feminina, cheia de curvas e método.
E hei de usar a tesourinha mais antiga de todas, porque a tesourinha mais antiga de todas, apesar de enferrujada e desconjuntada, corta bem de um lado e do outro.
As tesouras mais jovens são todas umas falhadas. Andam por aí a transbordar design e elegância, mas são fracas de espírito.
É sempre assim. Os jovens não têm calo.
Já os meus pés, sim. Têm calo. E umas unhas muito grossas que estão cada vez mais compridas. Não sei por que razão as deixo crescer tanto. Todos os dias adio o golpe.
Talvez me tenha afeiçoado a elas. Às minhas unhas grossas.
Há uma beleza qualquer nas coisas feias. Carros sujos. Casas velhas. Unhas grossas.
Mas hei de cortá-las um dia. Prometo.
A dor na ponta dos pés chegará ao fim.
O meu corpo ficará mais leve.
E eu hei de voltar a calçar 39.
sábado, 10 de fevereiro de 2018
A tagarela
Lá vem ela. A
tagarela.
A respondona. A
linguaruda.
Conta. Canta. Chora.
Jura.
Narra. Berra. Guincha.
Uiva.
Não se cala. Não
se cansa.
Nunca pede. Nunca
cede.
Não admite. Não
confessa.
Não afirma. Nunca
nega.
É fofoqueira. É
trapaceira.
Diz que fez. Diz
que disse.
Ela exige. Ela insiste.
É só tanga. É só
garganta.
Ela argumenta e acrescenta.
Ela declara. Ela
declama.
Ela protesta e
desconversa.
Ela discorda. Ela
discursa.
Ela discute e barafusta.
Ela diz. Ela desdiz.
Ela põe. Ela dispõe.
Mas quando vê o
tal gaiato,
chico-esperto,
fala-barato,
nem parece a
tagarela.
Cala o bico. Perde
o pio.
Não resmunga. Não
respinga.
Não comenta. Não refila.
Já não urra. Só
sussurra.
Não chateia. Não aleija.
Já não conta. Já
não canta.
E se tenta, até
gagueja.
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