Ouçam: no outro
dia vi a Lisa Hannigan. Estava mesmo à minha frente, em cima de um palco. Apareceu
no escuro a dedilhar a essência das coisas e também a sua guitarra e, durante duas horas, não
houve discórdias no mundo. Não houve amuos nem guerras nem fome. Só harmonia e
comoção.
Primeiro a guitarra e logo a seguir a sua voz iluminada de criatura mitológica. A dizer
qualquer coisa sobre as palavras, que boil away like steam. A cantar que I am empty
as a promise. E uma pessoa fica cheia de esperança na vida, na música, na humanidade.
A Lisa Hannigan
com o seu ar de elfa solitária. A dizer: I am lonely as a memory. E eu cá tive
vontade de verter pieguices pelos olhos e também de escrever pelos dedos.
No final comprei
um CD e também um caderninho de apontamentos. Fui para a fila de autógrafos, tirei-lhe fotografias.
A Lisa escreveu no meu caderno:
Happy writing!
E eu desatei logo a escrever.