Eu não pinto as unhas. 
Pinto os dedos. Com esferográficas e canetas de feltro.
Gosto das minhas mãos assim. Secas, gretadas e às pintinhas. 
Eu penso que as canetas fazem de propósito. Largam tinta, escorregam, explodem nas mãos. São desajeitadas com intenção.
As minhas canetas pintam a manta. Pintam a macaca. Fazem figuras. Borram a pintura. 
E nunca pintam a cara de negro. Estão-se nas tintas.
Por causa disso, as minhas mãos têm grande pinta. 
São muito mais bonitas assim.
 
