O narrador deste texto decidiu celebrar o dia mundial do livro comprando um livro
qualquer. E quando dizemos qualquer, é mesmo qualquer: um livro desconhecido com
um título bonito ou uma capa que apetecesse apertar. O narrador deste texto tinha saudades disso, de
comprar um livro só porque lhe apetecia e não porque alguém lhe falara dele ou
porque lera um artigo sobre o dito ou porque andava empolgado com um determinado autor
ou porque a Amazon definira que o narrador também ia gostar disto se gostou daquilo. Todos diziam ao narrador que tinha de ler isto ou aquilo, era muito aborrecido. No entender do narrador, o pior da vida eram mesmo as listas de
livros. As 5 autobiografias para mudar a sua vida. Os 10 livros policiais
mais policiados. Os 100 livros sem limites. Os 40 livros para ler antes dos 40.
Os narradores mais apetecidos. Os mais proibidos. Os mais amorosos. Os mais
saborosos. Os mais risíveis. Os mais enervantes.
O narrador deste texto andava farto dos livros dos outros. Gostava de entrar nas livrarias e namorar com os livros que lhe caíssem no goto. Dava uma beijoca neste porque gostava da capa, apalpava a contracapa de outro, abraçava-se à lombada daquele, não havia mal nenhum nisso. E portanto, hoje decidira fazer isso mesmo: comprar um livro qualquer por um motivo qualquer. E quando saiu de casa decidiu ser ainda mais perverso: não só iria comprar um livro qualquer, como a seguir o iria ler.
O narrador deste texto andava farto dos livros dos outros. Gostava de entrar nas livrarias e namorar com os livros que lhe caíssem no goto. Dava uma beijoca neste porque gostava da capa, apalpava a contracapa de outro, abraçava-se à lombada daquele, não havia mal nenhum nisso. E portanto, hoje decidira fazer isso mesmo: comprar um livro qualquer por um motivo qualquer. E quando saiu de casa decidiu ser ainda mais perverso: não só iria comprar um livro qualquer, como a seguir o iria ler.