quarta-feira, 28 de agosto de 2024

5 anos!

Brincam aos bons e aos maus. Um deles é o super-herói e o outro é o vilão. Por vezes zangam-se nos preparativos porque querem os dois ser o mau ou então o bom. 


Nos dias do Bem vestem-se os dois de homem-aranha e salvam o mundo. Nos dias maus juntam-se do lado negro. Correm pela casa, arrastam-se pelas paredes. São o Doc Ock ou o Venom ou então “ninjas malvados” ou robôs com picos ou ladrões de pistola em punho que vão roubar diamantes. Dizem pum pum pum e pumba, pimba. 


Às vezes põem-se aos segredinhos a combinarem o golpe, agarram-me pelo braço para me prenderem com cordas. Soltam as gargalhadas do Mal. Ah ah ah ah! Eu parto-me a rir e eles também. É que têm mesmo jeito para gargalhadas maldosas. 


Um deles desenha o Joker, o outro desenha o Darth Vader. Explicam os desenhos. Isto é a casa do mau e o pequeno-almoço do mau e a cama do mau para ele dormir e aqui é uma máquina que eu inventei que lança fogo e mata os bons porque ele é mau.


De repente saem da fantasia e têm medo do escuro, vêm para o meu colo. Digo-lhes que são meninos muito lindos, que eles sãos os bons e fazem o Bem, que não fazemos mal a ninguém. Eles justificam-se: “estava só a imaginar”. 


Cuidam um do outro. Se dou uma bolacha a um, querem levar mais uma para o mano. Se digo a um que podem ver televisão, ele sai disparado para dar a boa nova ao irmão. 


Decidem em conjunto se são amigos um do outro. Tu queres ser meu amigo? Agora não. Porquê? Porque eu quero ser o mau e tu queres sempre ser o mau e isso é irritante. Está bem, mas a seguir és meu amigo? Sim. Somos os dois maus agora? OK. Dão um abraço e soltam gargalhadas maldosas. Esforçam-se os dois por destruir casas, pontes, cidades inteiras, mas depois também são eles os bombeiros que apagam o fogo e salvam toda a gente.


Fazem hoje 5 anos. Um quer 5 velas no bolo, o outro quer só uma vela a dizer 5. Eu faço-lhes as vontadinhas todas, claro. Sou uma presa fácil.


Parabéns aos meus ninjas malvados. Uma gargalhada para estes meninos muita beras que nos salvam todos os dias com o poder da imaginação.


No final é sempre o Bem que vence.







terça-feira, 27 de agosto de 2024

No sábado!

Tenho uma pergunta para te fazer. É uma pergunta muito simples para a qual não há uma resposta certa.

Tu és livre?

Sim? Não? Talvez?

No sábado 31, eu e a incrível Mariana Malhão vamos estar na Feira do Livro do Porto a falar desse assunto tão sério que é a liberdade.

Venham, venham.



quinta-feira, 8 de agosto de 2024

42

42 anos. Lavei finalmente este cabelo. Pus uns brinquinhos. 


Já não uso biquini. Uso fato de banho. Tenho praí uns cinco. São todos azuis. Nenhum me fica propriamente bem. 


Celulite, varizes, pelo na venta. Uma pessoa perde beleza e candura. Mas ganha frontalidade e clareza. Já não ando com rodeios. Já não evito conflitos. 


Aos 42 anos, a minha mãe teve um esgotamento e nunca mais foi a mesma. 


Num livro de ficção científica que não li mas talvez venha a ler, 42 é a resposta à pergunta fundamental sobre o universo e a vida. À noite, se me ponho a pensar no universo e na vida, já não durmo. Desde há uns anos, tudo me tira o sono: os filhos, as eleições, o clima, o Donald Trump. Muitas vezes acordo a meio da noite e não volto a adormecer. 


Levanto-me, espreito os meninos, endireito-os, tapo-os, fico a ouvir a sua respiração. Que lindos são os meus filhos. Deito-me ao lado do homem da minha vida. Só ali estou segura. Não durmo, mas sossego.


O ser humano sobrevive duas semanas sem água nem comida, mas não consegue sobreviver sem dormir. Um facto conhecido: Há muito mais mulheres a sofrer de insónias do que homens. 


A privação de sono afeta a nossa memória, a nossa capacidade de decisão, a nossa criatividade, o metabolismo, o sistema cardiovascular, o sistema imunológico, o sistema hormonal e o sistema nervoso.

Ou seja, quem dorme mal, lixa-se, e bem! 

O cansaço das mulheres poderá ser a pergunta fundamental sobre a vida e o universo.


Suspiro bastante. Bebo menos café. Bebo menos álcool. Choro à frente de qualquer um.


Felizmente há livros a dar com pau. A noite avança e eu leio. Às vezes também escrevo. Why not? As pessoas perguntam-me: Quando escreves? Como escreves? Não estás cansada?


Eu cá estou cansada, meus amigos, e também estou inquieta. Por isso mesmo, leio. Por isso mesmo, escrevo. Li bons livros este verão. Não escrevi nada de jeito.


No fundo, eu leio e escrevo para me tranquilizar. Para me abstrair. Para descansar.


Umas fotos deste verão: bolinhos, sardinhas, uma rede, um vício e eu.