sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Prémio Fundación Cuatrogatos 2021

Miaaauuu! 

Cá vão umas notícias dos United States of America:


A edição mexicana do “Aqui é um bom lugar” é finalista nos Prémios Fundación Cuatrogatos.



A fundação tem sede em Miami e promove a leitura e a educação junto da comunidade de língua espanhola.


A seleção Cuatrogatos é das únicas no mundo que distinguem as melhores obras de literatura infantojuvenil de entre todos os países de língua espanhola.


Para a edição de 2021 foram consideradas 1194 obras provenientes de 16 países.


Miau! Miau!


Estamos para aqui todos a ronronar de felicidade: a Joana Estrela, a tradutora Paula Abramo, a editora El Naranjo, o Planeta Tangerina e eu também, claro!


Miau para nós!


Link para o Prémio Fundación Cuatrogatos 2021: https://www.cuatrogatos.org/docs/premio4g/premio4gyear_28es.pdf

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Planeta Supergigante

O Planeta Tangerina faz 20 anos. Fogo. É mesmo muito tempo. Quando lá cheguei, a história já ia para lá de meio. E que bom foi aterrar nesse astro.

Esta foto é da festa do Planeta Tangerina em 2014. Nela lançamos para o espaço o “Supergigante” e também o “Com o tempo”. Foi na Casa Independente. Foi há quase 7 anos. Era verão, estava calor. 

Olho para esta fotografia e vejo os meus pais e os meus tios. Vejo a Marta a roer as unhas. Vejo o Rui Gonçalves e o Manuel Miranda, que já não andam por cá. Vejo até o Sérgio Godinho, que me pediu um autógrafo e eu não sabia o que escrever, que nervos. Não vejo a Joana, que tinha acabado de dar à luz um bebé muito fixe que hoje em dia é um rapaz muito fixe. Não vejo a Isabéu, que apareceu mais tarde. Não vejo o Johnny, mas sei que ele estava lá.

Olho para esta fotografia e lembro-me do meu estado de nervos, da Isabel Minhós sempre rija e calorosa, lembro-me do Afonso Cruz a falar pelos cotovelos, lembro-me daquela esplanada da Casa Independente, da saudade que eu senti de uma Lisboa que nunca foi minha, do Bernardo a cirandar por ali de chinelos, do pai da Madalena Matoso que conheci nesse dia, do autógrafo aos tremeliques que dei ao José Mário Silva, da boa onda da Cris e da Carol na palheta com os meus pais, do sorriso da Guerreira, que me fazia tanta falta em Bruxelas mas estava tão feliz em Lisboa. 

Foi um dia tão alegre e tão triste ao mesmo tempo. A minha corrida Supergigante chegava ao fim nesse dia. Estava muito calor. E eu sentia-me tonta, vazia e cansada. 

Tinha dado tudo o que tinha a esse livro. Não era muito, mas era tudo.

Toda a minha euforia, toda a minha dor, toda a minha fúria, todo o meu fôlego. E agora o livro corria sem mim. Qualquer um podia pegar nele. Qualquer um podia rir-se da minha prosa, desdenhar daquele rapaz a correr. Na melhor das hipóteses, talvez alguém gostasse do livro, oxalá o Supergigante encontrasse algum leitor com vontade de correr com ele. Era o que desejava para este meu segundo livro. Gostei tanto de o escrever, de sofrer com ele, de correr com ele.

O que seria deste livro sem o apoio incansável da Isabel Minhós Martins que me dizia frontalmente “gosto disto, mas não gosto nada daquilo”? O que seria do livro sem as ilustrações techno sound do Bernardo? O que seria de mim sem esta festa do Planeta Tangerina? Não sei. 

Felizmente não corro sozinha. Corro com eles. Com os habitantes do Planeta Tangerina. São pessoas tão fixes e, ainda por cima, tão sérias e competentes e geniais e amigas.

Que coisa tão boa me aconteceu na vida. Aterrar assim no Planeta Tangerina. E andar por lá a correr e a saltar!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Vermelho em Belém

amanhã não tenho planos

mas no próximo sábado

se o vírus deixar

e isto não acabar

hei de ir à embaixada

muito aperaltada

com uns brinquinhos 

e os lábios vermelhos

hei de entrar aos saltinhos

e votar com um beijo💋


#vermelhoembelem


Pouca terra, muita fruta

Pouca terra, muita fruta
Perna longa, manga curta

“Onde vais?” “Vou à horta.”
“Limpa os pés.” “Fecha a porta.”

Boa tarde, maus lençóis.
Está aberto! Há caracóis!

Andorinha Periquito
“Sai daí, ó maçarico.”

Trotinete bicicleta
Calhambeque Furgoneta

“Como está, ó meu vizinho?”
“Vai-se andando ao pé coxinho.”

Jiga-joga Ziguezague
Cambalhota Flic flac

“É com gosto!” “É boa gente!”
“Na rotunda é sempre em frente.”

Pera doce, pedra dura
Meia rota, tartaruga

Chico esperto, Zé ninguém
“Lá em baixo há sempre alguém.”

“Estás com pressa?” “Nem por isso.”
“Não te metas.” “Tem juízo!”

Entredentes Entrelinhas
“Esta aqui é cá das minhas!”

Noite e dia, Coiso e tal
“Não havia.” “Não faz mal.”

Pintaínho Pintarola
“O João já vai à escola!”

Caldo verde, couve roxa
Bate pé, bate boca

“Adeusinho! Volto já!”
“Quem está livre, livre está.”

Gatafunho Gafanhoto
Bicharoco Perdigoto

“Põe a luva.” “Tira a mão.”
“Está de chuva?” “Agora não.”

“Tens razão. Estou contigo!”
“Anda cá! Eu já te digo.”

Bateria Clarinete
Pontaria Ricochete

Trampolim, Marcha-atrás
“Chega aqui.” “Deixa-me em paz!”

Gira-discos Rodopio
Pirulito Calafrio

“Baixa isso, por favor!”
Lusco-fusco, pinga-amor.

Feijão frade, queijo fresco
“Vais subir? Traz o cesto.”

Cabra cega, porco espinho
Gargalhada, burburinho



quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

"Contraconto" na Antena 2

Ouçam: hoje há "Contraconto" na Antena 2.


Música de Bruno Santos
, locução de Eva Barros, produção de Catarina Sobral e um texto meu, que às tantas diz assim:


"Adeusinho! Volto já!"
"Quem está livre, livre está!"

Adoro estes projetos soltos com artistas lindos nestes dias tão pouco livres.

Podem ouvir o episódio de hoje aqui: https://www.rtp.pt/play/p8294/contraconto

"Gira-discos Rodopio
Pirulito Calafrio"

sábado, 9 de janeiro de 2021

A eternidade não basta






A maternidade tem sido e talvez venha a ser para todo o sempre o maior dilema, o maior feitiço, o maior melindre e o maior encanto de toda a minha existência. 

Tenho lido livros de outras mães que escreveram sobre isto de ser mãe e também tenho escrito sobre isto de ser mãe. É possível que venha a escrever cada vez mais sobre o tema. Na minha cabeça hei de escrever um romance sobre maternidade, uma coletânea de ensaios, uma epopeia e também uma tragédia grega sobre o assunto. 

Para já peguei em coisas do blogue e dos meus cadernos e fiz este conto a que dei o título “A eternidade não basta”. Fui costurando o texto ao longo das sessões do workshop de escrita de não-ficção literária que fiz com a Susana Moreira Marques, autora que muito admiro e que lançou há pouco um livro também sobre maternidade. 

Sou amiga da Susana, fã da Susana e agora também sou aluna da Susana. 

Durante as sessões lemos, discutimos, ouvimos, escrevemos. No final a Associação Cultural Mombak, centro cultural que acolhe estes cursos e também a revista Pessoa, publicou os textos dos participantes.

Este é o meu. 

“Coitada da Ana Pessoa”, lê-se a certa altura. Adoro escrever isto sobre mim própria.


https://revistapessoa.com/artigo/3210/a-eternidade-nao-basta?fbclid=IwAR22vNy3cNY89wfDx-_rv_Uzrj3-PAuGs0rGMjLcdMUiE_DYV43X4zLdZUs

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Amigxs imaginarixs!

 ¡Caracoles!

Na Venezuela, “Aqui es un buen lugar” é um dos “amigxs imaginarixs” de 2020, uma seleção de livros recomendados por Pez Linterna, blogue de promoção da cultura e literatura para crianças e jovens.


A “reseña” de Freddy Gonçalves da Silva sobre o “Aqui...” está tão completa que tive dificuldade em escolher um excerto. Escolho este, mas poderia escolher outro:


“Autora e ilustradora se juntan en un diálogo permanente en este cómic que encierra toda la verdad de lo cotidiano. Ilustraciones, recortes, collage, fotografías, todos los elementos tienen cabida en esta manera fragmentaria que tiene de contar. No se trata de una historia de amor o sobre la construcción de una identidad propia al uso. No existe una línea argumental porque crecer no tiene todas las respuestas.”

Vale a pena ler o artigo introdutório de Freddy Goncalves Da Silva, que fala da nossa necessidade de amigos imaginários (livros, filmes, jogos, etc) durante esta epidemia da solidão e reflete sobre estes tempos sombrios para os livros. Que amigos imaginários queremos? A amazon ou as livrarias? Queremos seguir a tendência ou fazer a diferença?

Link para a seleção "amigxs imaginarixs": https://www.pezlinterna.com/post/amigxsimaginarixs

Num país como a Venezuela, que se encontra em plena crise política, económica e sanitária, a defesa da leitura só pode ser um ato de resistência.

Muchas gracias, amigos reais e imaginários!