A propósito de nada, ocorre-me dizer que a Mary John está cheia de insultos.
Às vezes, num ajuste de contas, é preciso perder as estribeiras. Uma carta presta-se mesmo a isso.
Vai bugiar. Vai morrer longe. Vai dar uma curva.
Um livro também pode faltar ao respeito, ou não?
Os insultos da Mary John foram das coisas que mais prazer me deram escrever e das coisas que mais dores de cabeça deram na tradução para espanhol e na adaptação ao português do Brasil.
Num excerto da edição mexicana que apanhei no Facebook da editora, a Mary John diz assim: Vete al infierno.
Na edição brasileira: Vai pro inferno.
Na edição portuguesa: Vai pentear macacos.
Outros insultos que habitam estas três versões da Mary John:
Vai comer palha. Desampara-me a loja.
Sácate a volar. Esfúmate.
Vai ver se eu tô na esquina. Não encha o saco.
Prémio “Melhor Insulto com Legume da Época”: Vete a freír espárragos.
Adoro insultos. Adoro espargos. Adoro escrever. Adoro línguas.
Aproveito para elogiar a tradutora mexicana Paula Abramo que frita tão bem estes espargos linguísticos.
Agora vou à minha vidinha. Acho que vocês também deviam ir.
Por acaso acabei de comprar um molho de espargos no mercado.
Ide ver se chove.