sexta-feira, 26 de maio de 2017

Aarhus 39 - "Stories of journeys from around Europe"

Que grande viagem!
Ontem, no Hay Festival, algures no País de Gales, foram lançadas as coletâneas dos autores Aarhus 39. Intituladas Quest e Odyssey, as duas coletâneas de contos infanto-juvenis foram publicadas em língua inglesa pela editora Alma Books.


A minha história ("O Poço Azul") está incluída na coletânea Odyssey. Conta com ilustrações fofinhas de Helen Stephens e uma tradução atenta de Alison Entrekin. 
Para mim e para muitos destes 39 autores europeus, é a primeira vez que publicamos em língua inglesa! Lançamo-nos ao mundo com histórias sobre viagens, ao melhor estilo europeu.
Já tinha falado desta nossa odisseia aqui e aqui
A todos os escritores, ilustradores e leitores, uma boa viagem!

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Uma carta do Brasil!

Que legal! Recebi uma carta do Brasil. Na verdade chegou por email, em formato jpg, mas é uma carta a sério. Enviou-ma a professora bibliotecária Solange Rosati da escola SESI-SP CE123 de Sorocaba.
Onde fica Sorocaba?
Fui ver.
No Estado de São Paulo. A mais de 9 mil quilómetros de distância.
Maria Eduarda, menina empolgada de 12 anos, escreveu esta carta em nome dos seus colegas do 7.º ano.
Deste primeiro contacto resultará em breve um encontro virtual entre mim e alguns alunos de Sorocaba.
Estou aqui em brasas. A 9 mil quilómetros de distância. Cheia de vontade de atravessar o oceano a nado!
[Transcrição em baixo]


Transcrição:

Ana Pessoa
Que honra poder estar mandando uma carta para a rapariga karateca! Acredito que seja você! Imagina só!!! Ana Pessoa, [há-de?] morrer de amor .
De onde sai tanta imaginação? E essas personagens? São as melhores, com certeza!
É uma mistura de passado e presente, sentimentos, gostos e medos. Tudo isso resumido em personagens. São as personagens o que diferencia você! Você é única! Afinal, quem é N? As histórias são verdadeiras? Você escreve o que sonha? Tantas perguntas. Não dá nem para selecionar algumas. DEVE haver uma resposta para cada uma, e eu sei qual é. Tudo isso vem desse maravilhoso poço de vida! Que nos [traz] as terríveis dúvidas durante toda leitura, esse suspense sobre o que vai acontecer. É isso, é essa essência que você tem e que nunca irá faltar, sua imaginação, a minúscula observação que pode mudar totalmente a história, e até mesmo a vida da personagem. Edgar deixa tantas coisas para trás, está à procura da essência da vida, de sua própria essência.
Bom, acho que já escrevi bastante! Vou ficar por aqui! Nós, alunos do 7.º A, estamos à sua espera entre os dias 19 e 23 de junho.
Você será recebida de braços abertos!!!
Beijos♡

Maria Eduarda

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Em Condeixa!

É tão bom entrar numa escola secundária! Atravessar a porta, regressar ao passado: o cheiro dos corredores, as mesas do bar, a biblioteca. Na semana passada estive na Escola secundária Fernando Namora em Condeixa. O sol em chamas a incendiar as ideias e nós enfiados na biblioteca. Falei com alunos do 9.º e 10.º anos, eles espalhados pelo chão e eu um pouco mais acima, sentada numa cadeira.



Alguns tinham lido a Karateca, outros o Supergigante ou a Mary John.





Alguns também gostavam de escrever. Outros havia que não gostavam de ler nem escrever. Ainda assim, aguentaram-se à bronca.
As perguntas foram muitas. Por que razão escreve literatura juvenil? Inspira-se na sua vida? As personagens são reais? Expliquei que tudo na vida era autobiografia e ficção. Que as personagens existiam sempre de alguma maneira. Que eu tinha uma relação empática com todas elas. A Ana Beatriz deu um pulo exaltado. Disse-me que não era possível sentir empatia pela Liliana. Que ela nunca seria amiga de uma pessoa assim. Depois entregou-me um texto muito bonito que escreveu, não sobre a Liliana, mas sobre a Joana Mendes do Supergigante.
Demorei tempo a perceber que as duas raparigas que falavam da Karateca e do Supergigante eram gémeas idênticas. Tentei distingui-las. Não consegui. Foi um momento ao estilo Uma Aventura.
Alguns rapazes tinham lido a Mary John por obrigação e acabaram por gostar. Um deles disse que tinha sempre pena de deixar a Mary John à noite, quando lhe dava o sono. Perguntei a um dos leitores rapazes se tinha sido esquisito ler sobre a menstruação. Ele riu-se e depois ficou sério. A seguir riu-se outra vez. Começou por dizer que não, não era esquisito. Depois acrescentou: "Foi muito enriquecedor." Gargalhadas em coro.
O André Rosa, estudante universitário de visita à escola, leu um texto da sua autoria. Era a carta de resposta do Júlio. Não seria interessante se ele respondesse? Debatemos esta hipótese. O que diria ele? Quem era o Júlio afinal? Quais as suas intenções?
Numa das sessões achei boa ideia ler uma passagem da Mary John. Já ia a meio da leitura quando me dei conta de que estava a ler em voz alta palavras como “clitóris”, “passaroca” e “pelos púbicos”. A consequência desta leitura foi uma inspiradora histeria hormonal.
Já se sabe que a literatura é um espaço selvagem!
No final ainda houve tempo para uma entrevista a sério com os repórteres da escola. Uma câmara aqui e outra ali para terem vários planos. Era um grupo de rapazes muito fixes!



Depois deste dia em grande resta-me agradecer à professora bibliotecária Ana Rita Amorim, que me recebeu de braços abertos e me lançou este desafio de forma tão entusiasmada.
Eu cá gosto à brava de desafios! E também de escarpiadas, o doce regional de Condeixa. Conhecem? É uma deleitosa histeria de açúcar!

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Mary John na Livraria Arquivo

Digo-vos uma coisa: eu e a Mary John passámos um belo domingo em Leiria, na vistosa e arejada Livraria Arquivo.


Mary John entrando na livraria pelo seu pé.

A companhia à mesa foi bem boa: de um lado, a Susana Neves da livraria, do outro, a Ana Violante, professora bibliotecária
Na maior parte do tempo estivemos na cavaqueira com os leitores, em especial com quatro alunos do 9.º ano do Agrupamento de Escolas de Marrazes, que trocaram uma tarde soalheira por uma tarde literária. Ainda demos umas quantas gargalhadas com a Beatriz, o Francisco, o Luís e o Miguel, porque estes jovens leitores falavam com destreza e graça. 


Gargalhadas em pleno voo.

A páginas tantas, o Luís perguntou-me assim: "Está a pensar escrever um livro spin-off sobre o Daniel?"
Achei esta pergunta altamente e comecei logo a magicar em modo spin-off.



Da esquerda para a direita: os alunos Luís e Francisco, a professora Ana Violante,
moi-même, a professora Fátima Mendes e os alunos Beatriz e Miguel.

Um grande obrigada à professora Ana Violante, que contagia os alunos com o seu entusiasmo pelos livros, e a toda a equipa da Livraria Arquivo, em especial à Susana Neves, que organizou este encontro.
Deste domingo resulta apenas um desejo: voltar rapidamente a Leiria!
Para já ficam estas belas fotos da autoria de Gil Álvaro De Lemos.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Mary John em Leiria

Maravilha! Há tanto tempo que não vou a Leiria, cidade que rima com alegria e euforia.
Venham também! Vá lááá!
Eu e a Mary John no domingo, às 16h, na livraria Arquivo.



segunda-feira, 1 de maio de 2017

Mary John na Revista do Expresso

Na revista do Expresso desta semana saiu uma crítica à Mary John de José Mário Silva.
Ui! É toda uma fruição!






















Com “O Caderno Vermelho da Rapariga Karateca” (2012) e “Supergigante” (2014), Ana Pessoa abriu uma clareira na ficção portuguesa destinada a um público juvenil. O que a distingue é a forma orgânica como mergulha no universo mental dos adolescentes, captando-lhes os entusiasmos e idiossincrasias, as tristezas e as agruras típicas do processo de crescimento, dizendo as coisas como elas são, mas sem que os textos se tornem o mero retrato fotográfico de uma idade. Neles encontramos uma síntese, não apenas do que se altera à superfície (o corpo, a linguagem, a relação com os outros), também do que se passa dentro da cabeça (os dilemas, os medos, as dúvidas de uma personalidade em formação). O subtil efeito introspetivo é particularmente bem conseguido nesta história de uma rapariga que muda de casa, de cidade, de grupo de amigos, de amor, enquanto o seu próprio corpo se metamorfoseia. Maria João, a protagonista, escreve uma longa carta a Júlio Pirata, vizinho na praceta onde passou a infância. Ele foi a primeira paixão, deixada a meio, inconclusa, o fio do passado que é preciso cortar para seguir em frente. Mais do que uma novela epistolar, o livro acaba sendo um diário, porque a carta estende-se no tempo e engole a vida toda da rapariga, a sua procura de um lugar que seja seu, de uma voz, de um caminho. Ana Pessoa capta todas as reverberações deste processo de descoberta, com uma prosa rica, elástica, de fôlego romanesco, não deixando de ser verosímil no tom, credível nos diálogos, e acessível aos leitores a que se destina (“maiores de 14 anos”, como se lê na contracapa). Aos adultos, a leitura também se recomenda, seja como regresso às respetivas adolescências, seja como exemplo de fruição literária.

José Mário Silva