sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Supergigante em Cascais

Notícias bombásticas:
No próximo sábado, 29 de novembro, pelas 16 horas, o Supergigante vai rebentar com a Biblioteca Casa da Horta em Cascais, uma casa cor de rosa como os meus sonhos.
Se quiserem ver o fogo de artifício, apareçam por lá. É que o Supergigante, além de gigante, é uma explosão contínua.

Mais informações sobre esta conversa explosiva aqui e aqui.

 

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Anonanimal

Em novembro o meu cabelo cai com as folhas das árvores e só me apetece ter o pássaro Andrew Bird enfiado nas orelhas. As mãos doem-me em tons de amarelo e vermelho. Os ouvidos também. Fico um bocado Anonanimal.
Vale a pena ler a letra da canção.
É outra queda outonal.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

10 anos

Saí de Portugal há 10 anos. Foi no dia 4 de novembro de 2004.
Tinha um bilhete de ida e volta, mas afinal não voltei. Emigrei para o inverno. Trazia comigo uma mala e uma cabeça cheia de coisas lá dentro.
Na Alemanha comecei a ler o que me apetecia e não o que me mandavam ler.
Comprei A Carta ao Pai numa livraria pequenina que vendia livros pequeninos.
Eu tropeçava na língua alemã e também na neve e no vinho quente. O meu primeiro gorro tinha trancinhas.
Os meus amigos alemães tinham convicções. Eu tinha cada vez mais dúvidas.
Eu vivia nas águas-furtadas de um prédio de esquina. A chuva fazia muito barulho contra a janela e eu escrevia longas cartas ao som da chuva. A minha escrivaninha abanava com a força da minha caneta. A minha caneta fazia barulho contra o mundo.
Quando vou a Portugal, regresso ao passado. O meu país é a casa dos meus pais.
Talvez por isso as minhas histórias morem na adolescência.
Em 10 anos, aprendi mais sobre mim do que sobre os outros. Sei cada vez mais sobre cada vez menos.
Uma década depois, continuo com saudades do meu país e da casa dos meus pais.
Eu gosto de ter saudades do meu país e da casa dos meus pais.
Gosto de ser um bicho estranho e sofredor.
Estou cada vez mais nostálgica. Cada vez mais portuguesa.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

The Remains of the Day

The Remains of the Day é um livro para ampliar o tempo.
E a dignidade.

O mordomo de Kazuo Ishiguro é das personagens mais nobres que conheço.

But then as I continued to stand there, a curious thing began to take place; that is to say, a deep feeling of triumph started to well up within me. I cannot remember to what extent I analysed this feeling at the time, but today, looking back on it, it does not seem so difficult to account for. I had, after all, just come through an extremely trying evening, throughout which I had managed to preserve a "dignity in keeping with my position" – and had done so, moreover, in a manner even my father might have been proud of. And there across the hall, behind the very doors upon which my gaze was then resting, within the very room where I had just executed my duties, the most powerful gentlemen of Europe were conferring over the fate of our continent. Who would doubt at that moment that I had indeed come as close to the great hub of things as any butler could wish? I would suppose, then, that as I stood there pondering the events of the evening – those that had unfolded and those still in the process of doing so – they appeared to me a sort of summary of all that I had come to achieve thus far in my life. I can see few other explanations for that sense of triumph I came to be uplifted by that night.

The Remains of the Day, Kazuo Ishiguro