A verdade era que nem sempre a Bela e o Monstro se amavam. Por vezes não gostavam um do outro e em dias mais entediantes, com tantos empregados silenciando pelo castelo, perdiam a cabeça e chegavam mesmo a odiar-se.
Nesses momentos ela atirava-lhe com os pratos do outro lado da mesa e ele rugia furioso. Nos dias bons, a Bela chorava e ele pedia-lhe perdão. Depois saíam de mão dada para o jardim. Mas nos dias maus, que eram os mais frequentes, gritavam como loucos e ela ameaçava que se ia embora.
O Monstro, rugindo de amor e ódio, arrastava-a para o quarto e enclausurava-a durante dias. A Bela nem sequer chorava, gostava aliás daqueles dias de paz em que jogava sudoku e lia contos de fada sobre príncipes mais belos do que o seu. Não via ninguém, nem mesmo as dedicadas aias. Também não comia nem bebia, só para chatear o marido.
Durante esse tempo, o Monstro, logo pela manhã, pegava no seu enorme cavalo e galopava pela floresta, rugindo para as árvores. De vez em quando arrancava mesmo uma do chão, tal era a sua força bruta e a sua pouca delicadeza para com o ambiente. À noite via filmes americanos no canal Hollywood com o Woody Allen, o Clint Eastwood, a Kim Basinger, o Fred Astaire.
Até que um dia se sentia só, tão profundamente só, que até os pedaços de lenha que atirava para a lareira lhe pareciam mais felizes do que ele próprio. Então encaminhava o seu monstruoso corpo até ao quarto da Bela e implorava-lhe perdão durante horas, se não mesmo dias, semanas, meses. Ajoelhava-se no chão, unia as volumosas patas e chorava. A Bela assistia pacientemente ao espectáculo até se render a uma qualquer compaixão que, não sendo enorme, ganhava forma no seu peito.
No entretanto os empregados reuniam-se na cozinha e discutiam sobre quem tinha razão naquela disputa, se a Bela, se o Monstro, e não chegavam a conclusão nenhuma. Eram ambos cruéis e egoístas, além de parecerem incompatíveis.
Até que um dia se sentia só, tão profundamente só, que até os pedaços de lenha que atirava para a lareira lhe pareciam mais felizes do que ele próprio. Então encaminhava o seu monstruoso corpo até ao quarto da Bela e implorava-lhe perdão durante horas, se não mesmo dias, semanas, meses. Ajoelhava-se no chão, unia as volumosas patas e chorava. A Bela assistia pacientemente ao espectáculo até se render a uma qualquer compaixão que, não sendo enorme, ganhava forma no seu peito.
No entretanto os empregados reuniam-se na cozinha e discutiam sobre quem tinha razão naquela disputa, se a Bela, se o Monstro, e não chegavam a conclusão nenhuma. Eram ambos cruéis e egoístas, além de parecerem incompatíveis.
Moral da história visando a educação das crianças: Que as meninas não sejam tão belas, para não serem tão amadas. E que os meninos não se tornem monstros, para saberem amar um pouco menos.