Em 3 dias vimos 6 peças mas, por mim, teríamos lá ficado mais uma semana para assistirmos a todas as 30 e tal peças que estrearam neste último mês em todo o país.
Apanho o avião para Bruxelas ainda meia zonza, com aquela sensação de espanto depois da alegria, silêncio depois do aplauso, realidade depois do sonho.
Alguns vislumbres: as conversas com o Ricardo e o Emanuel, o nosso livro laranja-tijolo, o Sandro sempre ligado à corrente, o humor implacável da Catarina Homem Marques, o castelo de Leiria a brilhar no escuro, os pulos do Armando pela pista de dança, a Carla Galvão a fazer a ponte, as discussões animadas com a Catarina Requeijo, a felicidade de reencontrar a Laura e o André, as peças do Leirena Teatro e do grupo (En)cena de Serpa, a comoção de partilhar isto com amigos e familiares e, claro, a energia de todos aqueles jovens atores com tanto talento, paixão e futuro.
Uma pessoa vive estas coisas e fica mesmo cheia de pica, de délicatesse e de esperança. A certa altura caiu um meteorito e nem demos por ele.
Abaixo a xenofobia, o racismo, a intolerância, a ganância, a mesquinhez. Do que este mundo precisa é de arte.
Aterro em Bruxelas. O pano sobe e a vida recomeça. Penso naqueles miúdos, faço figas pelo futuro.
Como se diz no teatro: “Muita merda!”
Muita merda, muita merda, muita merda!