Volta e meia tiro fotografias às montras das livrarias. Peinture Fraîche, Flagey, Ptyx.
Passei parte da minha juventude na cave de um alfarrabista.
Quando topo livros meus nas livrarias, ponho-os em destaque. Foi o livreiro da Candide que me falou de Annie Ernaux. Foi uma livreira que me recomendou Bastien Vivès. Foi na livraria da Flagey que descobri Julie Delporte.
Em 2016, no dia dos atentados em Bruxelas, refugiei-me na livraria Ptyx, onde comprei uma novela gráfica chamada “Ici”.
Há umas semanas, num dia de chuva, descobri uma livraria de esquina chamada Quartier Libre.
Adoro esquinas. E acima de tudo adoro livrarias. São os meus lugares de culto. É ali que encontro paz e exerço a minha fé.
E é por isso que, neste momento negro para o mundo, receber um prémio pela mão dos livreiros me dá muita vontade de rir e também de comer patatas bravas e emborcar uma garrafa de cava, porque este prémio é espanhol.
Em homenagem aos livreiros espanhóis, incluo aqui fotografias de três livrarias muy monas que visitei em Barcelona, em 2022, precisamente quando a Mary John foi premiada pelos livreiros da Catalunha: Finestres, Espai Culturista Sendak e la Central.
A todos os livreiros que votaram na Mary John, muchas gracias! A todos os livreiros que não votaram na Mary John, muchas gracias também.
Que nunca nos faltem as livrarias nem os livreiros nem os livros.
Se o mundo acabar antes de mim, estarei a folhear um livro na secção de ficção.