Cruzes canhoto! Este blogue fez 10 anos e eu nem dei por isso.
1 ano + 2 + 3 + 4.
Pequenos recortes dos dias que eu vou colando aqui.
Estávamos em 2007.
Era verão. Os parques estavam bonitos. Os patos andavam contentes. E eu criei este blogue.
De vez em quando chovia. Acho eu. Não me lembro.
No início escrevia todos os dias. Com exultação e fúria. Contos muito curtos, quase fábulas. Depois passou-me a urgência. Comecei a escrever menos. Uma vez por semana, uma vez por mês. Textos sobre o céu, sobre o chão. Sobre o choro e a sede. A neve, o nevoeiro, a chuva. Uma praia feia, uma floresta mística. Os meus longos passeios em Bruxelas. A minha narradora ambulante, sempre de mãos nos bolsos. Os livros que leio, as canções que ouço. A felicidade das coisas menores. Por exemplo, beber cerveja. Descascar batatas. Escrever à mão.
Este blogue não é um diário. Acho eu. Não sei bem. É um espaço sentimental onde moram criaturas frágeis, personagens impossíveis.
Tenho sido feliz aqui. No meu parapeito lírico. A magicar feitiços. A cochichar segredos.
Sempre à coca de um sentido para a passagem dos dias.
Belgavista, a minha praia. Cheia de vento e melancolia.
Uma década inteira de folias breves.