No sábado acordei com um galão e uma frase supergigante de José Mário Silva na Atual. Dei um pulo até às nuvens com o meu ego. Eu era uma ventania contra a atmosfera do universo.
Felizmente fui roubada poucas horas depois. Fiquei sem documentos até ao final das férias e tive de pedir uma semanada a um amigo.
Suspirei de alívio.
O universo restabelecia o equilíbrio.
O jornalista brasileiro Roberto Almeida escreveu um texto supergigante nas Garatujas Fantásticas.
Eu garatujei emocionada, mas depois bebi um copo de água e fiquei bem.
Nasceram-lhe os primeiros incisivos. Aprendeu a assobiar. E a comer gelados sem sujar as mãos. Tem um humor mais agudo. Bebe coca-cola às escondidas. Às vezes não responde quando falam com ele. Nem sempre obedece. Passa mais tempo em frente ao espelho. Tem cabelo forte. Gosta de se pentear sozinho. Já não acorda a meio da noite. Conta histórias muito compridas. Às vezes mente. Outras vezes omite. Ou finge que não ouve. Tem uma caligrafia bonita. Está sempre sujo e transpirado. Fala aos gritos. Quer ter um cão e um skate. Quer roubar aos ricos e dar aos pobres. Tem bom aproveitamento. Bom comportamento. Bons amigos. Faz castelos na areia. Fica a olhar para os aviões. Gosta de estalar os dedos. E de fazer o pino.
Parece mesmo uma pessoa.