sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Um snack literário

Imagina isto: uma máquina de cuspir histórias.
Nem pequena nem grande.
Está encostada a uma esquina como certas mulheres a certas horas e parece um marco do correio, mas não é um marco de correio.
É uma máquina de cuspir histórias.
Uma pessoa carrega num botão e a máquina cospe um recibo lírico, uma história muito curta.
Seria uma máquina de snacks literários.
Um ou dois minutos ficcionais.
Cinco minutos, no máximo.
Quanto demora a literatura?
Muito.
Pouco.
Nada.
Certas histórias são assim.
Fugazes. Inesperadas. Crocantes.
Imitam a vida. Por vezes, mudam-na.
É, não é?
É.
Mas olha: esta história não é um snack literário.
Ai não?
Não.
Esta história é real.
Há para aí umas máquinas delirantes. A cuspir literatura.
É mesmo verdade.