segunda-feira, 20 de maio de 2024

Festival PANOS (depois)

Oh, não! O festival Panos já acabou.

Em 3 dias vimos 6 peças mas, por mim, teríamos lá ficado mais uma semana para assistirmos a todas as 30 e tal peças que estrearam neste último mês em todo o país.


Apanho o avião para Bruxelas ainda meia zonza, com aquela sensação de espanto depois da alegria, silêncio depois do aplauso, realidade depois do sonho.


Alguns vislumbres: as conversas com o Ricardo e o Emanuel, o nosso livro laranja-tijolo, o Sandro sempre ligado à corrente, o humor implacável da Catarina Homem Marques, o castelo de Leiria a brilhar no escuro, os pulos do Armando pela pista de dança, a Carla Galvão a fazer a ponte, as discussões animadas com a Catarina Requeijo, a felicidade de reencontrar a Laura e o André, as peças do Leirena Teatro e do grupo (En)cena de Serpa, a comoção de partilhar isto com amigos e familiares e, claro, a energia de todos aqueles jovens atores com tanto talento, paixão e futuro. 


Uma pessoa vive estas coisas e fica mesmo cheia de pica, de délicatesse e de esperança. A certa altura caiu um meteorito e nem demos por ele.


Abaixo a xenofobia, o racismo, a intolerância, a ganância, a mesquinhez. Do que este mundo precisa é de arte.


Aterro em Bruxelas. O pano sobe e a vida recomeça. Penso naqueles miúdos, faço figas pelo futuro.


Como se diz no teatro: “Muita merda!”

Muita merda, muita merda, muita merda!








quinta-feira, 16 de maio de 2024

Festival PANOS (antes)

De 17 a 19 de maio em Leiria:

Três peças, um livro e uma festa.


Os textos são de Emanuel Madalena, Ricardo Adolfo e moi-même. Os grupos de teatro vêm de Leiria, Guarda, Alcochete, Serpa, Gafanha da Nazaré e Albergaria-a-Velha. E estaremos todos juntinhos no Festival Panos, que promove teatro para - por - jovens adolescentes.


O Festival Panos é uma iniciativa do Teatro Nacional D. Maria II, com coordenação do todo-poderoso Sandro William Junqueira.


Algumas fotos dos antecedentes: uma leitura integral da minha peça no workshop com os grupos em novembro, uma selfie com os incríveis Sandro William Junqueira e Carla Galvão, o primeiro diálogo do meu Piripiri Extraforte e a capa do livro que lançaremos no festival.






Link para o programa das festas:


https://www.tndm.pt/pt/odisseia-nacional/pecas/festival-panos-2024-odisseia-nacional/


Se estiverem por Leiria, juntem-se!

Buenos Aires


Livros, carne e tinto.

Não bebi mate. Não vi tango.


Tirei uma selfie com a Isol.


Fui a um cemitério, a um museu, a uma manif. Nas paredes: Milei facho.


Y sobre todo estuve con unas personas tão fixes, tão vivas, tão intensas que mais parecem personagens.

Por ordem de entrada em cena: Afonso Cruz, Maria Wernicke, André Tecedeiro e Laura Falésia.


Volto mais carnívora. Mais fluida. Menos dulce.

Mais fuerte.


Luz y fuerza. Somos todos.


"Estamos nus nisto."
















 


sexta-feira, 19 de abril de 2024

“Alguém” no Deus Me Livro

“Alguém” pousou no Deus Me Livro




"Um texto singular. Belo. Poético. Um texto ritmado onde as palavras vão desabrochando os mistérios da vida, o nascimento. Neste caso fala-nos de um ovo: redondo, pequeno, muito pequeno. Que ovo será este? Quem estará lá dentro? Um escaravelho? Uma libelinha? O que estará a fazer? E o que acontecerá quando vier cá para fora? Quem terá mais sorte: quem está dentro do ovo ou fora? Que existência é esta que “parece que não faz, mas faz”?"


A crítica é de Júlia Martins e pode ser lida na íntegra aqui:


https://deusmelivro.com/mil-folhas/alguem-ana-pessoa-e-catarina-gomes-18-4-2024/


quinta-feira, 18 de abril de 2024

Piripíri extraforte

Piripíri extraforte

É o título da minha primeira peça. Escrevi-a para o Festival Panos do Teatro Nacional D. Maria II e tenho acompanhado ao longe a sua estreia em várias salas do país: teatros municipais, auditórios, ginásios, centros culturais. 

Alguns encenadores escrevem-me. Contam-me as histórias dos bastidores. Que os atores abrem o coração, que choram, que se superam, que os pais vêm e celebram. 

A peça começa com um telefonema e acaba num brinde. A primeira deixa é: “Então, meu grandessíssimo otário?” E a última é: “Aos naufrágios”.

Pelo meio há um jantar de amigos. A luz vai abaixo. A campainha toca várias vezes. Alguém toma um duche. Alguém ladra. Alguém arrota. Alguém grita. Alguém beija. Alguém diz “Merda!”. Alguém pergunta: “Consegues ver as minhas maminhas?” Alguém diz: “O teatro é a vida.” 

Seguem-se alguns dos cartazes que encontrei nas redes: as estreias em Aveiro, Alverca de Ribatejo, Funchal, Angra do Heroísmo, Figueira da Foz, Póvoa de Santa Iria.







Puxa a vida! Estou que não posso. Toda eu uma campainha piripíri extraforte. Só me apetece ir para a rua ou para o palco. Gritar assim: 25 de abril sempre. Cessar-fogo já. 

O mundo está como está. Mas há muito mais gente boa do que má.

🌶️🌶️🌶️

terça-feira, 5 de março de 2024

Leva-me ao teu líder!



Acabei o serão a falar de eleições com o mais velho. 

Estávamos a ler um livro sobre um extraterrestre recém-chegado ao nosso planeta que quer falar com o dono disto tudo. 

“Leva-me ao teu líder!”, diz o ET a um menino. Segue-se então um diálogo de perguntas e respostas, em que o menino vai explicando ao alien que não há propriamente um chefe, que “o nosso líder é toda a gente junta”. 

O ET acha isto muito esquisito, claro. Como assim, toda a gente junta? 

Às páginas tantas, fica espantado com o desfile de eleitores empunhando boletins de voto.

“- Porque estão em fila?”, pergunta o extraterrestre. 

O meu filho aponta para a página ao lado, onde está uma urna aguardando os votos. Diz: “Eles vão pôr os papéis no lixo”.

Isto deu-me muita vontade de rir, de votar, de reciclar, de fazer campanha eleitoral e também de explicar ao meu filho que a democracia não é coisa para deitar no lixo. É uma coisa muito valiosa, muito frágil e absolutamente essencial.

Ele ficou a olhar para mim com aquele ar perplexo das crianças (e dos extraterrestres, imagino).

Queridos eleitores terrestres, ide votar. 

Pela nossa saúde, ide votar. Pelo nosso futuro. Pelo planeta. Pela igualdade. Pela democracia.



sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

TodosTusLibros 2023!

Volta e meia tiro fotografias às montras das livrarias. Peinture Fraîche, Flagey, Ptyx.

Passei parte da minha juventude na cave de um alfarrabista. 

Quando topo livros meus nas livrarias, ponho-os em destaque. Foi o livreiro da Candide que me falou de Annie Ernaux. Foi uma livreira que me recomendou Bastien Vivès. Foi na livraria da Flagey que descobri Julie Delporte. 

Em 2016, no dia dos atentados em Bruxelas, refugiei-me na livraria Ptyx, onde comprei uma novela gráfica chamada “Ici”. 

Há umas semanas, num dia de chuva, descobri uma livraria de esquina chamada Quartier Libre. 

Adoro esquinas. E acima de tudo adoro livrarias. São os meus lugares de culto. É ali que encontro paz e exerço a minha fé. 

E é por isso que, neste momento negro para o mundo, receber um prémio pela mão dos livreiros me dá muita vontade de rir e também de comer patatas bravas e emborcar uma garrafa de cava, porque este prémio é espanhol.

Em homenagem aos livreiros espanhóis, incluo aqui fotografias de três livrarias muy monas que visitei em Barcelona, em 2022, precisamente quando a Mary John foi premiada pelos livreiros da Catalunha: Finestres, Espai Culturista Sendak e la Central.






A todos os livreiros que votaram na Mary John, muchas gracias! A todos os livreiros que não votaram na Mary John, muchas gracias também. 

Que nunca nos faltem as livrarias nem os livreiros nem os livros. 

Se o mundo acabar antes de mim, estarei a folhear um livro na secção de ficção.