sexta-feira, 28 de maio de 2021

A lagartinha muito comilona

 O nosso exemplar da lagartinha muito comilona está todo desconchavado. Há páginas rasgadas e riscadas. Há uma que tem uns autocolantes. A folha das três ameixas desapareceu. Pensava que ela ia reaparecer um dia, mas isso não aconteceu. É possível que tenha sido comida pelos três rapazes ou que se tenha transformado numa borboleta.



O livro tem mais de 50 anos e vendeu, segundo a BBC, mais de 50 milhões de exemplares em todo o mundo. Foi publicado em 62 países.

Cá em casa temos um exemplar da 13.a edição da editora francesa Mijade. 

Curiosamente, o título em francês não é “A lagartinha muito comilona”, mas sim “A lagartinha que faz buracos”. Hoje aproveitei para ver outras versões de línguas que conheço: em espanhol é uma pequena lagarta glutona; em alemão é uma lagartinha que nunca está cheia; em neerlandês é uma lagartinha nunca demais, algo como “never enough”. 

Nunca é demais recordar (“never enough”) que um tradutor é também criador. Isto para o caso de ainda haver gente entre vós que pense que um tradutor se limita a encontrar termos e expressões correspondentes na sua língua.

Como todos os livros de formatos não convencionais que impliquem páginas com tamanhos diferentes e furos, o meu exemplar foi impresso na China.

Novamente segundo a BBC, estima-se que no mundo seja vendida uma lagartinha de 15 em 15 segundos.

Eu cá gosto muito da lagartinha que fez de todos nós cá em casa uns grandes comilões de livros. Mas sempre que dou por mim a comprar livros impressos na China (quase tudo o que é livro pop-up basicamente), penso que estou a apostar num modelo económico onde os interesses da criança não estão de todo protegidos. 

A culpa não é da lagartinha nem do Eric Carle, claro. Mas esta ideia faz sempre pop-up na minha cabeça quando pego em livros tridimensionais.

Obrigada, Eric Carle. 

Aposto que abriste as asas e voaste.

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Contraconto: nenhum nenhures algures ninguém

ora fora agora embora antes ambos isso outrora 

O Contraconto (Antena 2) de hoje é assim meio aqui aí adiante além ali acolá atrás aquém quase quem aquele alguém nenhum nenhures algures ninguém.

Estou só a avisar. Este e outros episódios disponíveis a partir deste link:


https://www.rtp.pt/play/p8294/e545523/contraconto


Música de Bruno Santos, locução de Eva Barros e produção de Catarina Sobral.