Nessas alturas, quando a vontade de fumar regressava ao corpo e à alma, sentia uma saudade
não do fumo, 
não do vício, 
não do gosto, 
mas de si própria atrás de tudo isso: 
do fumo, 
do vício
e do gosto. 
Nessa época a alma era diferente,
era incrivelmente maior do que o corpo.
E a solidão era impressionista, impermeável, imperial.
Havia seres enublados que saíam da boca. 
E as mãos invertidas, dignas de estátua. 
Havia sobretudo Álvaro de Campos e a alma poetizada que saía, 
verso ante verso
para voar junto aos estendais. 
E não era. Nem queria. Fumava.
Só.
Havia na arte do fumo uma outra arte. 
Aquela tal arte.
Sozinha, 
bem acompanhada, 
real.