quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Amor ortográfico: Times New Roman

É impossível não sentir abstruso enfado quando se lê um texto em Times New Roman. Tudo perde o encanto e o sentido quando escrito neste tipo de letra. Até os textos do Valério Romão ficariam desengraçados se andassem por aí nessa figura.
Ouçam bem: a fonte Times New Roman há de ser responsável por muitos males do mundo.
É que as palavras, quando se metem com esse tipo, parecem umas solteironas de cabelo atado. Sentam-se muito direitas à mesa, cheias de tiques e traços, e nunca falam de boca cheia, nunca dão um arroto ou um pum. São palavras chatas. Muito bem sentadas e alinhadas. Raramente pensam. Raramente pecam. São umas tristes.
Nenhum leitor as quer assim. Nenhum leitor lhes vai dirigir os olhos ou a alma. As palavras vestidas de Times New Roman morrem virgens.
E este poderá ser um grande mal do mundo: o asco do ser humano por este tipo rígido. 
As letras, quando se vestem de Times New Roman, não sentem paixão pela vida e sugam a motivação dos leitores mais vulneráveis. 
A narradora deste texto, por exemplo, fica logo murcha e incapaz.

Antes o Comic Sans que, apesar de velho e desajeitado, é só um tipo sem ambição nem grande noção das coisas. Coitado.