Os meus pais casaram-se em 1975 com um cravo ao peito. Nasci e cresci em liberdade. Lido mal com o autoritarismo. Sinto-me muitas vezes pouco livre. Falo muito alto. Ando quase sempre despenteada.
Hoje um amigo arranjou cravos em Bruxelas. Só vou pegar no cravo mais logo. Vamos celebrar ao molho.
No ano passado escrevi um livro sobre liberdade. Foi das coisas mais difíceis que escrevi. À falta de cravo, levei esse livro a passear. Tirei-lhe fotografias. Ainda tenho sonhos. Tenho esperança. Estou à espera do meu boletim de voto. As fotografias do 25 de abril levam-me sempre às lágrimas. Ainda hei de descer a avenida no dia 25 de abril.
Entretanto revejo a matéria dada: O povo é quem mais ordena. A luta continua. Fascismo nunca mais. 25 de abril sempre.
Nas fotos, algumas páginas do livro “Tu és livre?”, ilustrado pela colorida Mariana Malhão.