domingo, 25 de janeiro de 2015

Amor ortográfico: Eros tipo gráficos

Há falta de visão em Portugal.
Perdão.
Queria dizer revisão.
talfa de revisão em Portugal.
Eu pelo menos encontro gralhas a dar com um tau. E não é só em publicações diárias ou semanais. É em bons livros. De boas editoras. De boa gente. Que até estão bem escritos, bem traduzidos. É um apena. Eu pergunto-me: Porquê tantos eros tipo gráficos
Não se percebes. Eu pelo menos não percebo. Dá a ideia de que os livros são feitos à pressssa. Às três pancadas, numa língua de trapos. É estranho. Até porque há muita gente a tratar a língua portuguesa com dedicado amor e carinho. Onde nadam os revisores? 
Algumas gralhas voam rasteiras, é certo. Um gerúndio em vez de um particípio, por exemplo. Um erro irado sentando numa frase. Uma Maiúscula fora do sítio. Uma palavra a mais entra uma expressão. Por de exemplo um de. Ou palavras menos. Ou um acento aqui, uma virgula acolá, por vezes até falta um tonto final. 
Qual é o mal? Acontece. 
Mas certas gralhas são parovosas. São demasiado videntes. Palavras repetidas repetidas ouentãocoladas ou só esquisitas, porque não concordam em génera ou em números. O leitor fica com fuso, coitado. Não sabe se está perante um lapso ou um colapso. Fica com papas na língua. Ninguém leu o livro? Para quê publicá-lo?
Eu, pessoalmente, fico pelo cabelos. Já abondonei livros por causa das gralhas. Sinto-me uma namorada atraída
Bem sei que tenho o vício dos eros tipo gráficos
Li o aguardado Charlie Hebdo de lápis em punho e encontrei gralhas em franciú, a bem da liberdade de revisão. Sou doente.
Ainda assim, creio não estar a exagerar quando digo que há um desmalezo generalizado na edição em Portugal. Uma falta de brio e de exigência. É um problema sério. Há que apostar em bons revisores, em bons editores. É preciso apontar o dedo e calcar as gralhas. É a nossa língua. Cadê o amor à literapura?
Falta de revisão é falta de visão. É negligência. Não tem garça nenhuma.
Nós, leitores, devemos exigir mais e melhor. Eu cá tenho por hábito enviar emails aos editores. Aprendi com a minha avó, que telefonava às editoras para apontar erros. Normalmente recebo respostas. Por vezes até me agradecem, fazem-me promessas. Eu fico contente. 
Sempre é uma gralha a menos. Um erro corrigido. Uma lacuna colmatada.
Não é cosia pouca.