segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Domingo em pantufas

Uma espreguiçadela prolongada no espaço e no tempo. Onze e meia da manhã. O sol através das cortinas. Vários livros à cabeceira.  Um, dois, três. Muito longe das mãos. Lá fora tudo fechado. As lojas, os bancos, os supermercados. Meia vontade de fome. Cozinha com sol nas pontas dos pés. Uma revista qualquer. Não sei quê do ego. A obsessão pelo sentido das coisas, pelo terceiro olho, bladiblá. Um bocejo. Pequeno-almoço na varanda. Ovos mexidos, torradas, café com leite. O eco das torradas nas traseiras. O eco das vozes. O nosso ego na varanda.
O prédio da frente, sem flores nos parapeitos. Um prédio feio quase bonito.
A máquina da roupa contra o silêncio. Cinco quilos de roupa interior. Cuecas e meias.
Meia vontade de caneta e papel. Um texto de domingo em pantufas.
Sem verbos sequer.
E um livro vazio no sofá.

Ego sum.