quarta-feira, 18 de junho de 2014

A estrofe redonda

A narradora deste texto pensou então que, se os seres humanos olhassem para um poema com a mesma exaltação com que olham para uma bola de futebol, haveriam de andar por aí inspirados e sentimentais, a correr atrás de uma estrofe redonda que nunca mais é real, a agarrar rimas pelo braço, a cabecear sonetos. Passariam os dias e as noites de lira ao colo a declamar poesia. E nunca perderiam a voz. Nem o Norte. Nem as estribeiras.
Seriam mulheres e homens românticos e desaforados como versos livres.

E, mais dia menos dia, haveriam de inventar o futebol para lhes passar o lirismo.