sexta-feira, 1 de março de 2013

Flocos de Neve


Quando penso em miminhos, lembro-me sempre de uma menina lá da escola. Era uma menina muito pequenina, devia ter uns 5 anos. Por vezes - não sei por que carga de água - a menina muito pequenina ia até ao bar da escola e comprava dezenas de Flocos de Neve com uma moeda grande. A menina enchia então os bolsos do casaco e das calças com os rebuçados e depois andava pela escola a distribuí-los pelos outros meninos. Queres um rebuçado? Toma, é para ti! Papelinhos vermelhos por todo o lado, era uma autêntica festa de Flocos de Neve.
Claro que a menina ficava à espera que os seus Flocos de Neve fossem retribuídos com miminhos. Era pequenininha, mas não era parva. E a verdade é que a menina recebia sempre miminhos de volta. Os mais velhos faziam-lhe cócegas, por exemplo, e fazer cócegas é dar miminhos para rir.
No fundo, as relações humanas não vão muito além disto: dar e receber Flocos de Neve para depois dar e receber Flocos de Neve.
Dizemos Gosto de ti! e ficamos à espera que os outros também gostem de nós.
Dar para receber para dar para receber para dar para receber para dar para receber.
Já os mercados financeiros não são nada assim. Os mercados financeiros nem sequer sabem apreciar Flocos de Neve.
Mas, enfim, os mercados financeiros não têm nada a ver com a natureza humana.
Não têm?!
Não, não têm.
Os mercados financeiros pertencem a outra espécie e do cruzamento entre seres humanos e mercados financeiros não saem mulas nem seres humanos híbridos.
Saem monstros.
Não dá para fazer cócegas a monstros nem para alimentá-los a Flocos de Neve.
Conclusão?
Não há, era mesmo só isto.