quarta-feira, 6 de março de 2013

Django - Western Spaghetti à la Tarantino

Tenho três fraquinhos. Um por Western Spaghettis, outro por humor negro e outro ainda pelo Quentin Tarantino. Por tudo isto, quando fui finalmente ver o Django, a minha expectativa ia bem alta.
O filme surpreende, claro, porque o Tarantino é assim; surpreende. Os atores também. 
Dois homens andam de cavalo pelo Faroeste, à caça de bandidos com cabeça a prémio. Wanted: dead or alive. O objetivo destes dois homens não é praticar o Bem, claro, é ganhar dinheiro. Eles vivem, os outros morrem, assim é que está certo. Os cadáveres são, portanto, tesouros.
OK, o argumento é estapafúrdio, mas funciona precisamente por ser estapafúrdio. O estapafúrdio é real: gente a matar e a morrer, escravos negros que sobrevivem ao chicote, tortura, vingança, homens contra homens.
Diálogos curtos e duros, de fazer subir a tensão e o riso.

- Positive?
- I don't know.
- You don't know if you're positive?
- I don't know what positive means.
- It means you're sure.
- Yes.
- Yes, what?
- Yes, I'm sure... - pum, tiro certeiro, homem ao chão.

- I'm positive he's dead.

Mas o filme também é uma história de amor. Uma bela e um monstro que, por acaso, também são uma monstra e um belo. Têm marcas de chicotes nas costas e uma marca de ferro no rosto, trazem toda uma história de escravatura aos ombros. E a vingança fica bem aos mais sofredores, que são simultaneamente os mais fracos e os mais fortes. Não há nada como um escravo livre e apaixonado para vingar os seus.
São quase três horas de entretenimento a sério com muito sangue a brincar. E o espectador é o mais cruel, porque se ri às gargalhadas com sangue a jorrar e gente má a praticar o Mal.

Resultado: ontem fui tirar sangue sem medo e até fiquei a ver o meu sangue a sair. A enfermeira deve ter ficado impressionada. Eu, pelo menos, fiquei. Nunca tinha visto o meu sangue a sair.
É divertido ver o sangue a sair.

Django. The «D» is silent.

Há filmes que têm este poder sobre nós, que nos fazem bem, que nos querem mal, que nos ensinam qualquer coisa.  Eu, por exemplo, fiquei a saber que há um certo Bem dentro do Mal e que o meu sangue é escuro e denso.